Espetáculo ressuscita obra machadiana
REPERCUSSÃO
Peça “O Assassinato
de Machado de Assis”
provoca reflexões no
público paraense
Entre risos e tensões, a platéia conhece os suspeitos, segue as pistas e se torna parte de um enredo que propõe uma reflexão sinistra, mas importante: será que não estamos matando os nossos grandes mestres da literatura? Esse é o grande jogo de provocação proposto pelo enredo do espetáculo “O Assassinato de Machado de Assis”, que realiza neste fim de semana, no teatro Claudio Barradas, as três últimas apresentações de sua primeira temporada. Escrita por Carlos Correia Santos e montada pelo Coletivo Parla Palco, trazendo no elenco Gustavo Saraiva, Márcio Mourão e Tiago de Pinho, sob a direção de Luiz Fernando Vaz, a peça poderá ser vista na sexta e no sábado, às 21h, e no domingo às 20h. Os ingressos custam R$ 20,00 com meia para estudantes. O espetáculo conta com o patrocínio da Mega Mestre e Colégio Impacto, via Lei To Teixeira.
A produção reúne quatro personagens da literatura brasileira em torno de um crime surreal. Um detetive chamado Queiroz é contratado por ninguém menos que a famosa Capitu para investigar o suposto assassinato do mestre máximo das Letras Nacionais, Machado de Assis. Diferente do que sempre se soube, o fundador da Academia Brasileira de Letras, não teria morrido de causas naturais, em sua casa no Cosme Velho, na capital carioca. Por conta do ciúme de uma das personalidades que criou para as páginas, ele teria sido apunhalado pelas costas. Os principais suspeitos são Helena, titular da obra que melhor marca a fase romântica de Machado, Brás Cubas, personagem principal do livro que inaugura a fase realista do autor, e Simão Bacamarte, protagonista do célebre conto “O Alienista”. Mas Capitu, sempre dissimulada, pode estar mais envolvida no caso do que aparenta.
O público aceitou o convite para investigar a incomum trama, lotou o teatro no primeiro fim de semana da temporada e opinou sobre o espetáculo: “Achei uma oportunidade ótima para nos aproximarmos mais dos personagens machadianos, sem barreiras, sem amarras. Fui assistir com minha filha e ela gostou muito”, conta a servidora pública Sandra Gonçalves. Preparando-se para o vestibular, a filha, Manoela, revela que todo o mistério da peça, no final das contas, ajudou-a a desmistificar a obra do autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas. “Eu sei que preciso ler os livros do Machado de Assis para o vestibular, mas ficava super receosa. A peça me convenceu a ler sem preconceitos”.
APROXIMAÇÕES
A cantora e atriz Cacau Novais também admite ter se sentido menos distanciada do universo do pai de “Dom Casmurro” e outros clássicos. “Ser colocado diante de criaturas como Capitu e Helena faz-nos retomar as leituras e vislumbrar a personificação de tais personagens, imaginar seus pensamentos e sentimentos de modo mais palpável. É muito interessante”, conta. A jornalista Márcia Lima concorda e vai além: “Adorei o alerta sobre o que andamos fazendo com a nossa cultura. É interessante como os momentos engraçados são usados para fazer com que riamos de nós mesmos. Gostei muito da construção dos personagens e da habilidade que a trama tem de brincar com figuras que já conhecemos da obra do Machado para mostrar que, mesmo após muitos anos, elas continuam vivas. Fui com meu sobrinho. Ele não tem uma leitura profunda das obras, mas foi capaz de reconhecer as citações”.
REPERCUSSÃO
Peça “O Assassinato
de Machado de Assis”
provoca reflexões no
público paraense
Entre risos e tensões, a platéia conhece os suspeitos, segue as pistas e se torna parte de um enredo que propõe uma reflexão sinistra, mas importante: será que não estamos matando os nossos grandes mestres da literatura? Esse é o grande jogo de provocação proposto pelo enredo do espetáculo “O Assassinato de Machado de Assis”, que realiza neste fim de semana, no teatro Claudio Barradas, as três últimas apresentações de sua primeira temporada. Escrita por Carlos Correia Santos e montada pelo Coletivo Parla Palco, trazendo no elenco Gustavo Saraiva, Márcio Mourão e Tiago de Pinho, sob a direção de Luiz Fernando Vaz, a peça poderá ser vista na sexta e no sábado, às 21h, e no domingo às 20h. Os ingressos custam R$ 20,00 com meia para estudantes. O espetáculo conta com o patrocínio da Mega Mestre e Colégio Impacto, via Lei To Teixeira.
A produção reúne quatro personagens da literatura brasileira em torno de um crime surreal. Um detetive chamado Queiroz é contratado por ninguém menos que a famosa Capitu para investigar o suposto assassinato do mestre máximo das Letras Nacionais, Machado de Assis. Diferente do que sempre se soube, o fundador da Academia Brasileira de Letras, não teria morrido de causas naturais, em sua casa no Cosme Velho, na capital carioca. Por conta do ciúme de uma das personalidades que criou para as páginas, ele teria sido apunhalado pelas costas. Os principais suspeitos são Helena, titular da obra que melhor marca a fase romântica de Machado, Brás Cubas, personagem principal do livro que inaugura a fase realista do autor, e Simão Bacamarte, protagonista do célebre conto “O Alienista”. Mas Capitu, sempre dissimulada, pode estar mais envolvida no caso do que aparenta.
O público aceitou o convite para investigar a incomum trama, lotou o teatro no primeiro fim de semana da temporada e opinou sobre o espetáculo: “Achei uma oportunidade ótima para nos aproximarmos mais dos personagens machadianos, sem barreiras, sem amarras. Fui assistir com minha filha e ela gostou muito”, conta a servidora pública Sandra Gonçalves. Preparando-se para o vestibular, a filha, Manoela, revela que todo o mistério da peça, no final das contas, ajudou-a a desmistificar a obra do autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas. “Eu sei que preciso ler os livros do Machado de Assis para o vestibular, mas ficava super receosa. A peça me convenceu a ler sem preconceitos”.
APROXIMAÇÕES
A cantora e atriz Cacau Novais também admite ter se sentido menos distanciada do universo do pai de “Dom Casmurro” e outros clássicos. “Ser colocado diante de criaturas como Capitu e Helena faz-nos retomar as leituras e vislumbrar a personificação de tais personagens, imaginar seus pensamentos e sentimentos de modo mais palpável. É muito interessante”, conta. A jornalista Márcia Lima concorda e vai além: “Adorei o alerta sobre o que andamos fazendo com a nossa cultura. É interessante como os momentos engraçados são usados para fazer com que riamos de nós mesmos. Gostei muito da construção dos personagens e da habilidade que a trama tem de brincar com figuras que já conhecemos da obra do Machado para mostrar que, mesmo após muitos anos, elas continuam vivas. Fui com meu sobrinho. Ele não tem uma leitura profunda das obras, mas foi capaz de reconhecer as citações”.
ELENCO
A tarefa não é nada fácil: três atores dando vida, no palco, a vários personagens. Alguns deles, personalidades femininas. Como se não bastasse o desafio da transposição de sexo, a missão é simplesmente fazer uma releitura de algumas figuras clássicas da literatura brasileira, como a enigmática Capitu. O compromisso maior, no entanto, é provocar riso e reflexão. “Além de Capitu, nós três encarnamos alternadamente Helena, Simão Bacamarte e Brás Cubas. É preciso ter muito fôlego, muita prontidão e muita concentração para fazer esse exercício de revezamento”, revela Gustavo Saraiva para quem o espetáculo está sendo a chance de mostrar uma faceta nova de sua ainda jovem carreira nos palcos. “Essa peça é um presente para mim. Uma chance de ouro de provar que posso dar conta de desafios cênicos grandes”.
Intérprete do atrapalhado detetive Queiroz, que tem a incumbência de investigar o suposto assassinado do mestre máximo das Letras Brasileiras, o ator e cantor Tiago de Pinho se diz feliz por ter aceitado o convite para estar no projeto: “Essa a segunda peça do Carlos que faço. Estive também no elenco de Ópera Profano. É muito bom participar de um empreendimento que, logo de início, desperta tanta curiosidade e elogios”
No trio, quem mais soma experiência nos tablados é Márcio Mourão. Cria de companhias como Usina de Atores da Unama e Grupo Palha, Márcio frisa que “O Assassinato de Machado de Assis” é, para ele próprio, uma aventura teatral bem diferente: “Já participei de produções grandes, como o Auto da Barca do Inferno e Vai Que é Bom, mas essa peça tem uma engenharia muito particular perto de tudo que já fiz. O bordado do texto criado pelo Carlos exige um rigor e uma dedicação bem específicos”. O contato com a obra machadiana é um capitulo também especial para Mourão. “Além de ator, sou professor de português. E é muito bom poder participar de um projeto que usa o teatro como ponte para a obra de um mestre da nossa língua”.
VISÃO CRÍTICA
Crítico literário e colunista do Portal ORM, o professor Helder Bentes acredita que um ponto forte do espetáculo é o cruzamento de referências: “Um dos grandes méritos desta obra é a intertextualidade, tanto nas obras machadianas entre si, quanto entre estas e a obra de Carlos Correia Santos. Uma intertextualidade que supera citações e paráfrases, para se aventurar nos desvãos da imaginação criadora dos dois escritores, tornando a leitura simultaneamente impetuosa e imperiosa, provocando originalidade na apreciação e, ao mesmo tempo, atendendo a princípios de diversidade face ao cânone machadiano”. A professora de português e blogueira Joana Vieira endossa: “O Assassinato de Machado de Assis me surpreendeu em tudo. A mensagem é muito bem dada e deixa a plateia com uma pulga atrás da orelha, um sentimento horrível de culpa e um desejo imenso de mudar a sua postura diante da leitura, o prazer de conhecer os livros e o dever de desvendar o mundo da literatura”
Quem ainda não assistiu à peça, pode descobrir pistas, indícios e mais provocações nas mídias sociais. A produção do projeto mantém no ar um blog (http://oassassinatodemachadodeassis.blogspot.com), vídeos no Youtube e um Twitter (@assassinmachado) nos quais os atores e personagens de Machado de Assis trocam farpas e dão caminhos reais ou falsos sobre o crime envolvendo o ícone das Letras Brasileiras. A montagem conta com os apoios de Aerólitos, Espaço Cultural Atores em Cena, Grupo Cikel, MPG, Ótica Mundial e Diego Formiga
SÃO PAULO
A dramaturgia de Carlos Correia está vivendo uma boa fase. Além de “O Assassinato de Machado de Assis” e de outras produções locais recentes, como “Ópera Profano” e “Eu Me Confesso Eneida”, o trabalho do dramaturgo aporta agora na capital paulista. Nesta última quinta-feira, dia 14, sua comédia dramática “Perfídia Quase Perfeita”, montada pela Cia Fé Cênica, ganhou ensaio aberto no auditório do jornal Folha de São Paulo. A participação no evento da Folha se integra ao processo de preparação para a estreia do espetáculo, que acontecerá no dia 06 de maio, no Espaço dos Satyros. A peça é dirigida por Claudio Marinho e tem no elenco os atores Geraldo Machado e Viviane Bernard.
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