quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PEQUENA CARTA PARA MEUS IMENSOS MESTRES

Carlos Correia Santos

Hoje, subindo o elevador do prédio em que moro, coincidentemente encontrei minha Professora de Português no ensino médio (acho que nem se chama mais assim). Professora Amélia. Tão temida e tão respeitada quando eu era um garoto. Também por coincidência, eu trazia comigo um exemplar de VELAS NA TAPERA. Tive, então, uma das mais belas oportunidades da vida.

- Professora (sim, eu para sempre vou chamá-la desta linda forma), este é um dos meus livros...

- Eu sei, Carlos. Vi no jornal matéria a respeito.

- Pois bem, eu já lancei essa obra aqui, em outras cidades, em Portugal.

O riso amplo da mestra e sua confissão:

- Eu sei também. Fico tão feliz. Sempre que vejo notícias suas na mídia, falo: ele foi meu aluno. Tem gente que não acredita.

- Pois eu faço questão de sempre dizer para todo mundo: a sintaxe da minha literatura tem o carimbo da fantástica Professora Amélia.

Ela se emociona. Eu me emociono. Chega meu andar. Vou saindo. E ela:

- Parabéns por tudo, Carlos. Tenho muito orgulho mesmo de ter colaborado com tua história.

E eu:

- Obrigado por tudo, Professora Amélia. Infinito e imenso obrigado por tudo.

Por tudo... Por cada sílaba que me ensinou a escrever melhor. Por cada bronca em prol do melhor de mim. Por cada nota que deu para que hoje eu pudesse orquestrar meus textos. Por tudo.

Meus amados professores, obrigado a todos vocês. Permita-me Deus ainda encontrar um a um e agradecer. As mãos de todos vocês acarinham e dão rigor e precisão a minha quando escrevo. Sou um pouco do muito de vocês que segue páginas afora. Obrigado. Muito obrigado.

domingo, 18 de dezembro de 2011

APLAUSOS PARA O ESPETÁCULO DO TROPEÇO!




Carlos Correia Santos

Chegue-se. Tome seu lugar nessa vã e imensa casa de espetáculos que sãos os tempos atuais. Valha-se de seus doces porque o açúcar sempre atenua a dor. Acomode-se plenamente a contento e prepare-se para aplaudir, pois o espetáculo vai começar.

Espetáculo?

Qual?

O tropeço.

Sim, o tropeço. Eis o grande espetáculo que tanto ganha ovações, aplausos e fãs nos dias de hoje. O tropeço.

Prostram-se as massas diante de seus famigerados twitters e facebooks para ver quem caiu, quem desabou, quem ruiu. E assim se ri. O que se quer é rir. Gritar aos ventos todos dessa nau insanidade chamada internet. Gritar: aquele imbecil ali tropeçou. Caiamos como abutres sobre ele. Sim, façamos do clique bico de corvo para furar a carne daquela calma, afligir aquela alma. Lancemos o mouse sobre aquele que tropeçou e, qual ratos a despedaçar lixo (Ave, Chico Buarque), espalhemos tristeza e crueldade.

Em pensar que houve um tempo no qual compartilhar era apenas etimologia: partilhar com. Dividir o que de bom, o que de bem. Agora... Num compartilhar, compraz-se a infâmia. Compra-se intolerância. Vende-se a dignidade. Acha-se o pouco caso. Perde-se a paz de espírito.

Na plateia, o ávido espectador do tropeço, quando não encontra, caça. O fantoche da sanha geral, que baila sobre o fio da navalha diante da turba coberta pela burca do anonimato, tem que se estatelar, tem que se esborrachar. Ah, ele não fará seu número? Pois a turba o leva à lona. Assim, feito perdigueiros das bordas do apocalipse, os espectadores do tropeço dedicam-se a criar dramaturgias que derrubem.

E, nos meios dias, que se retuite a canalhice. Vivas. Milhões de vivas ao RT da bestialidade.

No entanto...

Tão no entanto...

Dos saltos ninguém fala. Para os saltos aplausos tão poucos... Não interessa festejar o que põe para frente. Aos acorrentados à mediocridade, pouco interessa celebrar o ir adiante.

E segue, desta feita, em cartaz o show do tropeço. O irônico é que as plateias se esquecem de algo divinamente poético. O espetáculo da vida é democrático. Você está aí nessa fétida plateia aplaudindo quem cai? Caindo na gargalhada? Aplausos para você. Amanhã o papel de protagonista, bebê, certamente há de ser seu.

CATIMBAS, CURIMBÓS E CANALHICES























Em dezembro, estreou em Belém meu primeiro espetáculo teatral escrito em parceria com o grande dramaturgo, diretor e ator Hudson Andrade. CATIMBAS, CURIMBÓS E CANALHICES faz uma bem humorada releitura sobre a chegada da família real ao Brasil. A primeira montagem tem assinatura do Grupo de Teatro da Unipop e direção de Alexandre Luz. Em janeiro, a comédia ganha nova temporada.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ESCOLA SANTA SOFIA - UM DIA PARA SEMPRE













Hoje, dia 16 de dezembro de 2011, vivi um dia que vai durar para sempre. Na minha alma, na minha verve, na minha emoção. Carro, barco, mais um pouco de carro e chego à Escola Santa Sofia, em Barcarena, cidade na região das ilhas em frente a Belém. Colégio com estrutura simples, necessitada de muito amparo. Mas um lugar com uma viga mestra capaz de sustentar o mundo: amor. Chego ao colégio pelas mãos da professora Izanhe Trindade e sou recebido por dez, quinze, vinte crianças iluminadas. Anjos que me cercaram, abraçaram-me com poesia e beleza e simplesmente não queriam mais me largar. Milhões de beijos, milhões de “eu te amo”. A escola inteira pára. Tenho que ficar na sala de leitura porque a confusão é grande. Todos querem chegar próximo, conversar com o primeiro escritor que os visita, que eles conhecem de perto. Sim, tudo isso, toda essa enxurrada de afeto foi iniciada graças aos meus contos infanto-juvenis. Os guris passaram meses lendo meus textos. Conhecem quase todos de cor. Meu Deus, Minha Santinha de Nazaré, minha Santa Eulália... Foi uma manhã para sempre. Dessas de realimentar a alma. Muito, muito amor. Amor vindo do mais puro porto: o coração da infância.

FÃS, AUTÓGRAFOS, MOMENTOS LINDOS





























Registros de algumas lindas vivências que a carreira literária tem me dado. Já são 25 anos de caminhadas como escritor. Sim, 25 anos. Comecei aos 11. Aos 36, tantas e tão intensas são as alegrias.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

LETRA PARA ELOI IGLESIAS - FAUNO SAGRADO

E eis que encontro com Eloi Iglesias no elevador da Fundação Tancredo Neves e ele me diz: "Queria que escrevesses uma letra para mim, para um próximo CD. Não sei como ela seria. Tenho só em mente um título FAUNO SAGRADO. Topas?". Eu tanto topei que aí abaixo está a letra:

FAUNO SAGRADO

Carlos Correia Santos

Eu,
semideus,
sobre os meus,
sob os teus,
sou só carne e luz.

Sou belo, alado.
Sou fel e sou fado.
Sou sombra e cruz.

Eu,
fariseu,
tão ateu,
todo teu,
mas só
meu
ser
exalto

És alto,
sou céu.
Sou fogo,
escarcéu.
Se ficas,
eu salto.

A minha dor é meu mito,
o meu prazer minha lenda.
Nasci para brilhar no grito.
Se te cego, ponha a venda.

Venda o real que eu minto.
Sou, enfim, cruel e delicado.
Fique calmo que é bonito,
mas eu voo desesperado

Sou flora fadada, sou não.
Um anjo, um adeus deflorado.
Sou santo, sou vil e sou são.
Sou, assim, teu fauno sagrado.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

MENÇÃO NA REVISTA BRAVO!



Estou muito honrado e feliz por ser citado na matéria da revista Bravo que está nas bancas (edição dezembro/2011). Um belo trabalho, assinado pela sempre compentente Luciana Medeiros, sobre o grande Cláudio Barradas. O texto já adianta a estreia de BATISTA, que acontece em maio de 2012, no Sesc Boulevard. O monólogo com o grande Barradas revisita o legado do célebre Cônego Batista Campos, mentor da Cabanagem. A direção é de Hudson Andrade. Com a dramaturgia de BATISTA, ganhei o prêmio IAP 2008. A matéria está num encarte especial da Bravo sobre a atual cena cultural paraense. Confiram: está um primor. Realmente uma honra poder estar numa publicação relevante, (por que não?) histórica, que mostra ao Brasil os grandes valores de vários segmentos artísticos do Pará.

CAPA DE "PERFÍDIA QUASE PERFEITA" - O LIVRO



A Giostri Editores, de São Paulo, lança mais uma publicação de dramaturgia minha: PERFÍDIA QUASE PERFEITA. O texto, que agora chega a livro, tem trilhado uma boa história. Em 2007, foi um dos escolhidos para participar do edital nacional Seleção Brasil em Cena, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil. A Cia. Fé Cênica, de São Paulo, montou a obra. O grupo já fez temporadas em Curtiba e na capital paulista. No elenco, Viviane Bernard, Geraldo Machado e Cláudio Marinho. A direção é de Cláudio Marinho.