domingo, 29 de maio de 2011

PARA ENTENDER FORDLANDIA


















Abaixo, texto de apresentação escrito por mim para VELAS NA TAPERA, meu romance a ser lançado em Lisboa, dia 06 de junho, no FNAC Chiado. Neste post também, fotos diversas desse lugar simplesmente surreal chamado Fordlandia: uma vila americana que virou cidade fantasma em meio à floresta amazônica.


NOTA AO LEITOR

Carlos Correia Santos

São muitas as sagas que essa sem fim vastidão de verde chamada Amazônia já acalentou entre suas folhas. Epopéias em torno de estradas de ferro, rasgar de rodovias megalômanas, corrosivas corridas em busca de ouro. Sagas que não cessam de manter iluminada a imaginação de pesquisadores e ficcionistas. No entanto, poucas velas têm sido acesas em torno de um dos mais impressionantes episódios vividos por essa imensidão ecossistêmica: o gigantesco intento chamado Companhia Ford Industrial do Brasil. Entre 1928 e 1946, a poderosa Henry Ford Motores e Cia ergueu e manteve em meio à mata brasileira os núcleos urbanos conhecidos como Fordlândia e Belterra. Situadas na margem direita do Tapajós, as cidades foram projetadas para acolher amplos seringais destinados a produzir a borracha tão cobiçada pela linha de montagem da célebre empresa automobilística. Todavia, impiedosamente vitimadas pelo Mycrocyclus ulei, as plantações ruíram e fizeram secar o sonho americano no colo da floresta. Uma vez extinto o projeto, todas as promessas de prosperidade para a região apagaram-se friamente.

É pela decadência do ousado cenário imaginado e relegado por Henry Ford I que transitam os personagens de “Velas na Tapera”. É por entre o silêncio do abandono que vagam todos os seres que cercam, sem luz, uma tal mulher chamada Rita Flor. A mãe viúva-órfã que arrasta, junto à barra de seu atemporal vestido preto, um luto que não é só seu. Um luto que está em tudo a sua volta. A mãe viúva-órfã que se vê incendiada por um milagre e cruza o inimaginável para manter intacta a chama de sua convicção.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ROMANCE AMAZÔNICO É LANÇADO EM LISBOA


Detalhe da arte gráfica do romance "Velas na Tapera"


Carlos Correia Santos (livro em terras lusitanas)


Com prefácio assinado por José Louzeiro e nota de orelha escrita por Olga Savary, obra traz como pano de fundo polêmico projeto da Cia. Ford Motors. Escritor também terá livro lançado na África

Registros e detalhes sobre uma marcante odisséia vivida pela Amazônia vão aportar em solo europeu graças à literatura. Emoldurado por referências sobre um dos mais polêmicos projetos industriais já realizados na História recente, o romance “Velas na Tapera”, do escritor Carlos Correia Santos, será lançado em Lisboa no próximo dia 06 de junho em um recital litero-musical promovido pela FNAC Chiado. O evento promete ser uma fusão cultural que contará com uma mostra de música brasileira e amazônica a cargo dos artistas Fercy Nery (na voz e violão) e Attila Argay (na bateria). A programação incluirá um bate-papo com o autor, além da sessão de autógrafos.

Resultado de seis anos de pesquisa, “Velas na Tapera” tem como pano de fundo a colossal história de Fordlândia, núcleo urbano erguido pela Cia Ford nos anos 20, em plena selva amazônica, para produção de látex destinado à fabricação de pneus que seriam utilizados pela poderosa empresa automobilística. O projeto acabou abandonado depois que a plantação de seringueiras foi atacada por uma praga. É pelo cenário da abandonada cidade americana, em meio ao ermo da mata, que transitam os personagens da narrativa. Em especial, Rita Flor.

Rita perde sua filha de seis anos. Após um misterioso incêndio em sua tapera, ela acredita que sua menina virou uma milagreira e decide construir uma capela em sua homenagem. A jovem não tem dinheiro para cumprir seu intento. O único caminho que lhe resta é prostituir-se. O sagrado e o profano deitam-se na mesma cama. Em meio ao vazio e ao desencanto que transformam Forlândia numa vila fantasmagórica, Rita vende seu corpo para santificar a filha.

PRÊMIO E AVAL

“Velas na Tapera” venceu em 2008 o Prêmio Dalcídio Jurandir, promovido pela Fundação Tancredo Neves (FCPTN), uma das mais importantes entidades culturais da região amazônica. A obra tem prefácio assinado pelo romancista José Louzeiro (autor de clássicos da literatura brasileira, como Pixote e Lúcio Flávio – O Passageiro da Agonia) e orelha assinada por Olga Savary (uma das mais importantes poetas brasileiras, considerada a introdutora do hai-kai nas letras nacionais.

“Sinto que é uma honra em todos os sentidos poder lançar esse trabalho em Portugal. Primeiro porque consigo provar que, mesmo sem a cobertura de mercado de uma grande editora, é possível fazer circular a produção literária. O romance chegou aos leitores graças a um prêmio. Foi editado por uma fundação amazônica e, ainda assim, está trilhando um caminho sólido”, ressalta Correia. E ele complementa: “Essa possibilidade de intercâmbio também é sempre fascinante. Para quem cria narrativas em língua portuguesa é uma experiência emocionante poder levar seus ditos ao país berço do idioma com o qual labuta”.

Em breve, o trabalho de Correia também chegará à África. Em 2009, o romancista e dramaturgo venceu o concurso Literatura para Todos, promovido pelo Ministério da Educação do Brasil, com a peça infantil “Não Conte com o Número Um no Reino de Numesmópolis”. O trabalho está sendo editado numa coleção com tiragem de 300 mil exemplares que serão distribuídos em escolas brasileiras e africanas.

O AUTOR

Poeta, contista, cronista, dramaturgo, roteirista e romancista, Carlos Correia Santos tem feito da diversidade uma grande marca de sua carreira. É escritor vencedor do Prêmio Dalcídio Jurandir 2008, na categoria romance, com a obra "Velas na Tapera", concurso de vulto nacional criado para celebrar o centenário do romancista Dalcídio Jurandir. É autor do premiado livro de poemas “O Baile dos Versos”, obra que ganhou especial saudação da Academia Brasileira de Letras, em 1999. Também são de sua autoria as obras “Poeticário” (poemas), “No Último Desejo a Carne é Fria” (coletânea de contos), “Nu Nery” (teatro), Ópera Profano (teatro / Prêmio Cidade de Manaus) e “Batista” (teatro).

Como escritor na área de artes cênicas, coleciona importantes láureas nacionais, como o Prêmio Funarte de Dramaturgia por três anos consecutivos (2003, 2004 e 2005), o Prêmio Funarte Petrobras de Fomento ao Teatro (2005), o Prêmio Funarte Petrobras de Circulação Nacional (2006) e o Edital Seleção Brasil em Cena do Centro Cultural Banco do Brasil.

Incluídos no Catálogo da Dramaturgia Brasileira da renomada autora Maria Helena Kühner (iniciativa detentora do Prêmio Shell), seus textos teatrais já ganharam diversas montagens e já foram apresentados nas cidades brasileiras de Belém, São Luís, Natal, Recife, Camaçari, Piracicaba, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Suas peças já foram traduzidas para o francês e espanhol. Importantes artistas brasileiros, como Stella Miranda (que interpretou a síndica do humorístico "Toma La, Dá Cá", de Miguel Falabella, exibido na TV Globo), já assinaram direção de suas obras.

Em 2009, foi o autor vencedor da categoria dramaturgia do III Concurso Literatura para Todos, promovido pelo Ministério da Educação. O texto premiado chama-se “Não Conte com o Numero Um No Reino de Numesmópolis”. No cinema, foi agraciado com o Prêmio do Edital Curta Criança do Ministério da Cultura. Assinou a seção Contando Um Conto, no jornal O Liberal (um dos maiores da região Norte) e Portal ORM. É colaborador, com seus contos, do jornal O Estado do Acre e dos sites BV News (Roraima), Amapá Digital (Amapá), Manaus On Line (Manaus), Madeira On Line (Rondônia) e Timor On Line (Timor Leste).

TRECHOS DO PREFÁCIO DE VELAS NA TAPERA

PERSONAGEM EMBLEMÁTICA

José Louzeiro*

“(...) Em boa hora, o nome do injustiçado Dalcídio vira prêmio literário em Belém, Pará, e o vencedor é o talentoso Carlos Correia Santos – “Velas na Tapera” – que prima pela criatividade, e eu até diria, pela singularidade na maneira de expressar-se.

Isso faz com que este “Velas na Tapera” seja uma obra cativante e originalíssima. O autor brinca com as frases sincopadas e a elas dá espírito novo, através de sugestivas e oportunas expressões metafóricas. A par desses recursos, de certa maneira cultivados por Guimarães Rosa, há que se destacar a preocupação do autor com a questão social, coisa essa imanente em todas as obras de Dalcídio.

A personagem trabalhada, dramaticamente por Carlos Correia é Rita Flor que, com suas vestes pretas, transforma-se numa espécie de estandarte vivo do sofrimento e da desesperança; da mulher diante de seus problemas pessoais, mas funcionando como figura emblemática neste livro que é a narrativa, também, do desastre de uma grande aventura industrial – a Fordlândia (Companhia Henry Ford Motores e Cia.) – que se instala em plena selva amazônica, mas pouco depois sobrevém a desilusão: o projeto naufraga no mar de folhas de todos os verdes, os prédios tornam-se taperas, as máquinas são esquecidas no matagal, como a pedir socorro pelo abandono a que foram entregues.

Mas ao autor, experiente teatrólogo, não basta contar a história do naufrágio do ambicioso projeto industrial numa região da mais absoluta carência; ele se esmera na técnica do dizer, do inventar, literariamente, coisa essa que o coloca no plano mais alto que um escritor poderia aspirar. Claro está que neste “Velas na Tapera” há muitos e bem traçados personagens, mas a figura que transcende é a de Rita Flor, forte e decidida como certas personagens da obra de Bertolt Brecht.

O enterro que Rita faz da filha equivale, nas entrelinhas, ao verdadeiro e definitivo funeral (ou pá de cal?...) do projeto norte-americano que se tornou esperança de vida para uma comunidade inteira, na floresta que guarda tanto viço e riquezas a serem descobertas.

Neste “Velas na Tapera”, Rita me faz lembrar, de certa forma, “A Alma Boa de Setsuan” (Brecht), pois ela é, na verdade, uma “parábola teatral,” ao mesmo tempo em que pode ser o espírito da mata, da dor materializada no pólen das flores, da decadência, das malárias e pesadelos, dos que sonharam e acordaram perdedores, tremendo no frio da desesperança.

Com este primeiro romance, se Carlos Correia já era considerado versátil teatrólogo, agora estréia na condição de ficcionista que prima pelas inovações e capacidade narrativa. Depois de sepultar a filha Saninha, Rita “se deitaria para sempre sobre a solidão”, pois ela passa a ser a personificação do que, popularmente, chamamos de “alma penada”, sujeita a chuvas e trovoadas.

O autor traça de tal forma o desenho desta personagem que sua projeção estende-se sobre a narrativa, torna-se absoluta e por que não dizer, chocante, surpreendente, pois é clara a intenção do autor em revolucionar as velhas formas “do dizer e do sentir” no contar de uma história.

“Velas na Tapera” é o que se pode chamar de realismo mágico a envolver a pequena comunidade marcada pela ausência de caminhos. Apenas Rita trilha as picadas da ausência, na louca tentativa de resgatar Saninha, materialização da saudade, do que se foi, não é mais. Menos para Rita. Curioso: essa metáfora, criada com maestria pelo ficcionista, envolve todos os habitantes das taperas, inconscientes da realidade que é uma espécie de rio sem começo e sem fim.

Somente Rita Flor, com as pegadas que deixa pelos caminhos fundos, pulsa como sendo a dor e a oculta paixão de certos homens, que sabem não serem correspondidos, pois o coração de Rita foi sepultado com o corpo de Saninha.

No desvario dela própria e no dos outros é que Rita encontra forças para manter-se viva no seu “mudo prantear”. Mas na visão estreita dos vizinhos ela é apenas a desmemoriada, que tudo perdeu – o marido, a casa incendiada – e, agora, vive das luzes que recebe da filha sepultada, mas que, para ela, mantém-se “vela acesa” ou sonho que não se deixa mesclar pelas cores soturnas do seu desafiador existir.

No mundo especial em que Rita transita, além das folhas verdes da floresta, há velas acesas a iluminar sua passagem. Pena que ela já tivesse “um ver que não via nada”, nem seus ouvidos registravam os “sussurros do mato” e muito menos os “cochichos de reentrâncias”.

As dores transformaram Rita Flor em assombração no inconsciente dos humilhados e ofendidos. Com este livro, Carlos Correia demonstra ser um grande conhecedor do poder das metáforas e de como utilizá-las com sutileza e sabedoria.

* Um dos mais importantes nomes das letras nacionais, José Louzeiro é autor de 40 livros e criador, no Brasil, do gênero intitulado romance-reportagem. Atuou em célebres veículos de comunicação, como “Última Hora”, “Correio da Manhã” e Revista Manchete. No cinema já assinou, como roteirista, dez longas-metragens, dos quais pelo menos três se tornaram populares: “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia”, “Pixote” e “O Homem da Capa Preta”. Lançou pela Editora Francisco Alves o estudo biográfico intitulado O Anjo da Fidelidade, sobre Gregório Fortunato, o “anjo negro” de Getúlio Vargas. Em 2001, pela Editora do Brasil: "Isto não deu no jornal" (memórias de sua passagem por cinco jornais cariocas). E em 2002, “Ana Nery, a brasileira que venceu a guerra” (Editora Mondrian): biografia da heroína baiana, patrona dos enfermeiros brasileiros. O trabalho foi adaptado para a televisão, tendo Marília Pêra como protagonista. Ainda na TV, foi o autor de novelas como “Corpo Santo”.

ORELHA DE VELAS NA TAPERA

A VELA ACESA POR SAVARY

Olga Savary*

Da complexidade do ser, da própria solidão e solidariedade humana, da sua simplicidade e estranheza, são realizados os textos de Carlos Correia Santos, seja na poesia, nos contos, no teatro ou no romance. Sua dedicação à cultura e à Arte faz deste autor paraense, deste grande brasileiro, um candidato constante às premiações importantes nas áreas citadas: poesia, ficção, peças teatrais.

Assisti com orgulho a uma premiação obtida por ele no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, em 2006. Carlos Correia Santos destacou-se entre dezenas e dezenas de concorrentes. Seu talento impulsionou-o a sobrepujar os demais candidatos. Uma platéia seleta e atenta assistia a apresentação do trabalho de Correia e tinha o direito de votar no melhor participante.

A literatura e a arte foram os meios de expressão eleitos por Carlos Correia Santos, que bem poderia pertencer à Academia Paraense de Letras. Seria uma honra para a APL tê-lo junto aos Acadêmicos, que só teriam a ganhar.

Além de seus méritos pessoais, no trabalho em seus livros, em tudo o que faz, Carlos Correia Santos é um guerreiro, um lutador pela cultura geral e pela cultura paraense em particular, sem falar na sua esplêndida atitude como pessoa, em sua admirável postura diante da vida e dos outros.

Pela extrema elegância e gentileza, pela classe e nobreza com que se conduz em tudo, Carlos Correia Santos é um príncipe. Orgulho-me de ter o privilégio de ser sua fraterna amiga.

* Poeta, contista, tradutora e organizadora de antologias. Artista nacionalmente aclamada, é uma das introdutoras do hai-kai no Brasil.

CARLOS CORREIA SANTOS (CONTATOS)

Poeta, dramaturgo, romancista
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domingo, 22 de maio de 2011

VELAS NA TAPERA LANÇADO EM LISBOA



É com muita honra e alegria que partilho a seguinte divulgação:


RECITAL MAIS BRASIL- DA AMAZÔNIA PARA O MUNDO.

A FNAC CHIADO promove um recital lítero-musical para o lançamento, em Portugal, do premiado romance amazónico "Velas na Tapera" do poeta, dramaturgo e romancista paraense Carlos Correia Santos. Uma fusão cultural imperdível, que contará com uma mostra de música brasileira e amazónica a cargo de Fercy Nery (na voz e violão) e Attila Argay (na bateria). A programação incluirá, igualmente, um bate-papo cultural com o autor e uma sessão de autógrafos.

Local: FNAC CHIADO
Dia: 6 de Junho de 2011 (segunda-feira)
Início: 17h00, impreterivelmente.

-Entrada gratuita-

Contamos com a vossa presença!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

PRECE PARA QUE SE APRESSE O AMOR



Poema-prece escrito para a cantora paraense Silvia Lobo. Texto apresentado durante o show SOMOS TODOS IGUAIS ESSA NOITE, realizado em homenagem à artista.

ORAÇÃO PARA A LOBA SILVIA

Carlos Correia Santos

CORO:

Sublime Silvia
Seja loba
Salve-se

CORPO:

Ave, Silvia
Alma cheia de garças
O sonhar é contigo
Bendita é tua voz entre as milhares
Tem usufruto em teu ser a luz

Ave, Maria, Mãe de Deus
Cantai por nós com mil amores
Como cantamos por Silvia, cheios de cores
Agora e em todas as horas do nosso Norte.

A Silvia amem
A Silvia
Amém.

sábado, 14 de maio de 2011

SOMOS TODOS IGUAIS ESSA NOITE

Registros da participação no show SOMOS TODOS IGUAIS ESSA NOITE, realizado no dia 14 de maio, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur. Espetáculo em homenagem à cantora Silvia Lobo. Emoção à flor da pele.


Eu, dizendo o poema ORAÇÃO PARA A LOBA SILVIA


ORAÇÃO PARA A LOBA SILVIA


GLÁFIRA LOBO



Mário Mousinho, Ivan Cardoso e Jr. Soares

..: IMAGENS EM PRETO E BRANCO DE ALMAS EXPOSTAS POR EN...

..: IMAGENS EM PRETO E BRANCO DE ALMAS EXPOSTAS POR EN...: "Fotos do segundo dia da temporada de EU ME CONFESSO ENEIDA no Instituto de Artes do Pará."

..: UM MESTRE EM NOSSA PLATEIA

..: UM MESTRE EM NOSSA PLATEIA: "Registro da presença do mestre CLÁUDIO BARRADAS na apresentação de EU ME CONFESSO ENEIDA desta sexta, dia 13 de maio. Na foto: o dramaturgo ..."

..: NOVOS PASSOS PARA A ALMA DE UMA VIAJANTE

..: NOVOS PASSOS PARA A ALMA DE UMA VIAJANTE: "Ontem, 12 de maio, nova estreia. Quarta temporada. Emoção à flor da pele. Uma vitória. Manter um espetáculo teatral vivo é tarefa árdua nes..."

domingo, 1 de maio de 2011

PEÇA PARAENSE ESTREIA EM SÃO PAULO









Perfídia Quase Perfeita inicia temporada no Teatro dos Satyros


Também são do Pará diretor e iluminadora da comédia dramática “Perfídia Quase Perfeita”. Atores e demais membros da equipe técnica são do sudeste.

Um espetáculo com DNA nortista chega ao foco de um dos mais concorridos territórios artísticos do país: a cena teatral paulista. Num autêntico link cultural que une artistas paraenses e do sudeste, estreia nesta sexta, dia 06, no Teatro dos Satyros 2, centro de São Paulo, a comédia dramática “Perfídia Quase Perfeita”, do dramaturgo nortista Carlos Correia Santos. A direção é de Cláudio Marinho e a iluminação assinada por Sônia Lopes, ambos também paraenses. Em cartaz até o dia 24 de junho, a produção é uma realização da paulistana Cia Fé Cênica e traz no elenco Geraldo Machado, Viviane Bernard e o próprio Cláudio Marinho. Premiado pelo Edital Seleção Brasil em Cena, do Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro / 2006), o texto de Correia é ambientado numa radionovela dos anos 1950. A trama joga com os conceitos de verdade e mentira, ilusão e certeza para abordar a questão ética e o poder de manipulação. Numa sociedade que não somente admite como também valoriza a mentira, o espetáculo brinca com os limites entre a realidade e a representação.

A dramaturgia apresenta estrutura que mistura várias referências, o que a torna multifacetada. Parece comédia, mas não segue “os manuais de fazer rir”; Parece absurdo, mas em nada se assemelha ao hermetismo de alguns textos do gênero; em alguns trechos sugere a estética trash. Diante de toda a riqueza do texto, o diretor buscou a exploração de todos os seus recursos para alcançar um resultado cênico que também expressa estas referências de gênero e estéticas. “A Cia. Fé Cênica tem como um dos objetivos estabelecer uma fácil comunicação com o público para abordar temáticas universais. O texto como ponto de partida para a montagem nos possibilitou isto plenamente”, diz o diretor Claudio Marinho.

A peça é também resultado de um processo de pesquisa sobre o trabalho do ator nos gêneros tragicomédia e comédia dramática. Esta abordagem se iniciou em 2007, quando o grupo dedicou-se a montagem da tragicomédia existencialista “Fogo Cruel em Lua de Mel”, do dramaturgo também paraense Nazareno Tourinho. “Nesta nova montagem buscamos a riqueza de nuances no trabalho dos atores para criar um clima de humor ácido e crítico. Buscamos fazer na frente da platéia um ardiloso jogo cênico, com suspense e poesia”, conta Marinho.

Para o autor, a oportunidade de ver uma criação sua chegar a um ambiente tão concorrido e referencial significa um momento marcante. “Toda montagem, toda estreia, seja em qual praça for, é sempre uma vitória, é sempre um momento para se festejar. Mas, claro, é impossível não admitir que estar num centro formador de opiniões culturais nacionais, como São Paulo, representa um passo a mais, traz uma sensação de amadurecimento e de abertura de um novo ciclo”, festeja Carlos.

SINOPSE

Cezinha e Dagmar são personagens da radionovela Perfídia Quase Perfeita, com script de rádio típico dos anos 1950. Mistério: após revelar uma "traição" conjugal, a mulher anuncia que um deles está morto e o outro está alucinando. Num jogo cruel e dissimulado, resta saber quem está morto.

A COMPANHIA

As atividades da Cia Fé Cênica se iniciaram em 2007, tendo como ponto de partida o estudo dos gêneros tragicomédia e comédia dramática e a vontade de tocar em questões existenciais, buscando uma fácil comunicação com o público. Logo o texto “Fogo Cruel em Lua de Mel” se mostrou ideal para este objetivo. Com esta montagem, que foi apresentada em três temporadas na cidade de São Paulo, a companhia iniciou o projeto “Trilogia Cênica Paraense - um mergulho na dramaturgia produzida no Estado do Pará”.

“Perfídia Quase Perfeita” teve suas primeiras apresentações no Teatro Lala Schneider participando na mostra paralela do Festival de Curitiba, em março de 2010. Esta é a segunda peça da trilogia, que se completará com a inédita montagem “Noivo do Vento”, de Claudio Marinho. Paralelamente ao desenvolvimento do projeto Trilogia Cênica Paraense, o grupo montou “As Ruminantes” (2009), com direção de Cláudio Marinho, texto de Saulo Sisnando.

O DIRETOR

Claudio Marinho é ator, diretor de teatro e jornalista. Dirigiu as peças “Fogo Cruel em Lua de Mel”, de Nazareno Tourinho, e “As Ruminantes”, de Saulo Sisnando, montagens da Cia. Fé Cênica, em atividade desde 2007. Atualmente é também responsável pela programação do Teatro Folha (São Paulo) e Teatro Amil (Campinas).

Formado pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará, trabalha como ator desde 1990. Integrou montagens de textos de Fernando Arrabal (A Bicicleta do Condenado), Peter Weiss (Marat-Sade), Molière (O Tartufo), Sófocles (Antígona), Eurípides (As Bacantes), entre outros. Radicado em São Paulo desde 2004, atuou nas peças “João e Maria” e “O Índio”, da Cia. Pessoal do Faroeste, e “Agorafobia”, com direção de Antônio Netto.

Participou da Semana de Dramaturgia, com Renata Pallottini (Senac Lapa); estudou Preparação Vocal, com Carlos Simioni (Grupo Lume), Teatro de Rua, com Eduardo Moreira (Grupo Galpão); Dramaturgia da Cena, com Kil Abreu; Teatro de Rua, com Amir Haddad. Estudou atuação para cinema com Fátima Toledo. Trabalhou no longa-metragem “Araguaya – A Conspiração do Silêncio”, de Ronaldo Duque (Brasil. 2004), no documentário “Curiuá Catu”, de Carlos Barreto (Portugal/Brasil. 2002) e nos curtas-metragens “Severa Romana”, de Sue Pavão (2007) e “X”, de Simone Bastos (2007).

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal do Pará. Produziu e dirigiu documentários, trabalhou como repórter do jornal O Liberal (Belém-PA) entre os anos 2000 e 2004. Atualmente cursa pós-graduação em Jornalismo Cultural na Fundação Armando Álvares Penteado.

O AUTOR

Carlos Correia Santos é um dos dramaturgos mais atuantes e premiados do Estado do Pará. Ganhou os seguintes prêmios: Seleção Brasil em Cena, do CCBB (Rio de Janeiro/ 2006), por “Perfídia Quase Perfeita”; 1º lugar no Prêmio Funarte de Dramaturgia 2004, categoria Teatro Adulto – Região Norte, por “Júlio Irá Voar”; Prêmio IAP de Literatura 2004 - Categoria Teatro, por “Nu Nery”; 3º lugar no Prêmio Funarte de Dramaturgia 2003, categoria Teatro para a Infância e Juventude – Região Norte, por “Biblioteca Mabú”; 3º lugar no Prêmio Funarte de Dramaturgia 2005, categoria Teatro para a Infância e Juventude – Região Norte/Centro-Oeste, por “Ludique”.



Também recebeu menção honrosa pelo texto “Duelo do Poeta com Sua Alma de Belo” no concurso literário da Academia Paraense de Letras 2005; 1º lugar no Prêmio Literário Cidade de Manaus 2006, categoria teatro adulto (Prêmio Aldemar Bonates), por “Ópera Profano” Em cinema, foi vencedor do Edital Curta Criança 2003 do Ministério da Cultura, tendo como prêmio a produção do curta-metragem “Era Uma Vez Carol”.
É autor dos livros “Nu Nery” (Teatro / Instituto de Artes do Pará), “Poeticário” (Poemas / RKE, PA), “O Baile dos Versos” (Poemas / LITTERIS Editora, RJ) e “Velas na Tapera” (Romance vencedor da primeira edição do Prêmio Dalcídio Jurandir, promovido pela Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves). Teve poesias, contos, peças teatrais e ensaios publicados em 19 coletâneas, destacando-se a inclusão de seus textos nas coletâneas do Prêmio Funarte de Dramaturgia nos anos de 2003, 2004 e 2005.

SERVIÇO:

Perfídia Quase Perfeita. Texto de Carlos Correia Santos. Direção: Claudio Marinho. Com Geraldo Machado, Viviane Bernard e Claudio Marinho. Estreia dia 06 de maio de 2011, às 23h59, no Espaço dos Satyros 2 (Praça Roosevelt, 134, Centro, São Paulo-SP. Fone: 11 3258 6345). Temporada às sextas-feiras, até 24 de junho. Ingressos: R$30,00, R$15,00 (meia) e R$5,00 (moradores da Praça Roosevelt).

Acesse o blog da Cia. Fé Cênica:
http://ciafecenica.blogspot.com/

Para assistir o vídeo da peça, acesse:
http://www.youtube.com/watch?v=rO7tNiYhaHM

PERFÍDIA QUASE PERFEITA
Ficha técnica

Texto: Carlos Correia Santos
Direção: Claudio Marinho
Elenco: Geraldo Machado, Viviane Bernard e Claudio Marinho.
Cenário e figurinos: Geraldo Machado e Viviane Bernard.
Trilha sonora original: Cláudio Hodnik
Iluminação: Sônia Lopes
Operação de som: Denny Justiniano
Operação de luz: Homero Vieira
Fotos: Lenise Pinheiro
Design gráfico: Reinaldo Elias
Produção: Geraldo Machado e Claudio Marinho