A professora me alerta: “Não podes ir embora sem ouvir a Vitória. Está nervosíssima. Vai demorar um pouquinho porque os pais me ligaram dizendo que ela está escolhendo a melhor roupa para vir te ver”. Meu coração? A ponto de explodir. Então, chega a jovem Vitória. Linda. Acima de tudo, vestida com pura alma. A professora informa: “Ela se preparou para dizer um poema teu”. Vamos para um lugar sossegado. A princesa toma fôlego e se entrega a dizer, com a mais bela melodia que já ouvi, meus versos: “Pois eu sou feito alguém / que só está de passagem, / com beijo nas faces, / com passagem marcada. / No olhar, um “além da paragem”. / Flor na garganta trincada. / Alguém esperando por chuva / na estiagem... / Feito alguém que, só, / está de passagem. / Que não fala: diz. / E não fala nada. / Que não quer e quis. / Que só se quer estrada. / Pois eu sou feito alguém / que só está de passagem, / com passagem marcada”. Eu? Como não chorar? Inclino-me, beijos as duas mãozinhas e afirmo: “Agora, sim, esse meu poema faz sentido”.
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