Projeto está intimamente atrelado ao compromisso de provar que teatro, História e preservação podem caminhar juntos

“Batista”
tem concepção de luz assinada por Sonia Lopes. Trilha sonora original criada
por Júnior Cabrali. Fotos de divulgação de Brends Nunes e Frederico Mendonça. A
execução de figurinos de Mariléia Aguiar e a preparação corporal de Cláudio
Temporal. Os apoios culturais são de Sesc Boulevard, Unipop, Pará Mais e
Gráfica Dmazon. Além desta quinta, as apresentações acontecerão nos dias 11,
17, 18, 24 e 25 de maio, sempre no mesmo horário e sempre com entrada franca.
Realização
da Companhia Teatral Nós Outros, a montagem chega à ribalta atrelada a uma
campanha que vem despertando grande atenção da mídia e dos internautas. Os
artistas ligados ao trabalho criaram o projeto “Ruínas da Memória” para exigir
do poder público iniciativas de revitalização, manutenção e maior divulgação
das Ruínas do Murutucu, sítio arqueológico intimamente ligado ao movimento
cabano. Os espectadores que forem às sessões serão convidados a assinar uma
petição pública que dará suporte a esse pleito.
DENÚNCIA

Para
todos os membros da equipe, “Batista” é uma grande aposta em diversos sentidos.
Além da mobilização paralela proposta, o fazer artístico encontra vias
especiais, como explica Hudson: “O texto é denso, difícil. Montá-lo tem sido um
exercício de me desafiar a representar um personagem tão grande, de me confiar
ao olhar múltiplo da equipe para dar suporte à minha direção”. Entregue ao
delicado compromisso de transitar entre a carreira musical e a cênica, Cacau
Novais também comemora o momento que vem experimentando: “Além de subir ao palco
para um trabalho diferente, o de teatro, é muito bom poder tratar de episódios
históricos e resgatar a pessoa além do mito, mostrar um pouco do ser humano, da
alma de Batista. Isso tudo nos faz lidar com o sentimento, com a dor, com a
tristeza, mas também com a força e a coragem”. A iluminadora Sônia Lopes
concorda: “Não conhecia
a história de Batista Campos. Ao longo do processo de montagem, eu me deparei
com informações sobre um homem guerreiro, forte e humano. Acabei me envolvendo
com sua biografia”.
CELEBRAÇÃO E
COMPROMISSO
O
mergulho na composição autoral da trilha do espetáculo exigiu de Junior Cabrali
pesquisa intensa e o uso de referências especiais. Uma delas é o som dos sinos.
Segundo relatos bibliográficos, no dia em que a morte do cônego foi anunciada,
os campanários de Belém soaram unanime e intensamente. “Mesmo
precisando de madrugadas e madrugadas para editar áudios, compor trechos,
gravar e criar coisas, sinto uma felicidade e segurança quase inexplicáveis com
esse trabalho”, conta o músico. Responsável
pelas fotos que expuseram o estado de abandono do Murutucu e subsidiaram a
campanha de conscientização, Brends Nunes enfatiza: “Esse projeto se
transformou numa grande celebração, um grande movimento de luta, dentro e fora
da sala de ensaio”.
“Desde a sua gênese, essa montagem de Batista está
de mãos dadas ao compromisso de chamar atenção para a relação entre teatro,
História e Patrimônio. Ficamos felizes quando o Sesc Boulevard acolheu a
estreia porque fisicamente o espaço está ao lado da Igreja das Mercês, que
também foi um palco importante para a Cabanagem. O alerta com relação ao
Murutucu aliou-se a nossa proposta. Vamos nos manter atentos a essa questão. De
forma irredutível”, pontua Carlos Correia Santos.
Serviço: “Batista” é uma obra de Carlos Correia Santos.
Texto vencedor do Prêmio IAP de Edições Culturais. Publicado pela Giostri
Editora (SP). Essa montagem é uma realização da Companhia Teatral Nós Outros em
homenagem aos 230 anos de Batista Campos. Espetáculo protagonizado e dirigido
por Hudson Andrade. Participação especial: Cacau Novais. Consultoria de
direção: Adriana Cruz. Concepção de luz: Sonia Lopes. Trilha sonora original:
Júnior Cabrali. Demais fotos promocionais: Frederico Mendonça e Iara Correia
Santos. Primeira temporada: dias 10, 11, 17, 18, 24 e 25 de maio, sempre às 20h30,
no Sesc Boulevard. Entrada franca. Apoio cultural: Sesc Boulevard, Unipop,
Revista Pará Mais e Gráfica Dmazon. Agradecimento especial a Cláudio Temporal pela preparação corporal.
Informações: 8167-3835 / 8822-4453 / 8199-1322
VIDEO RELEASE:
TEXTO COMPLEMENTAR
Sobre as Ruínas do Murutucu
Um dos mais importantes engenhos da região, o Murutucu foi destruído durante os episódios
da Cabanagem. De propriedade da família Rodrigues Martins, o engenho
ficou conhecido pela crueldade com que eram tratados os escravos. A capela foi
projetada por Antonio Landi, que nela imprimiu seu estilo. Ali foi realizado o
casamento da filha do arquiteto, nora do dono da propriedade. Embora tenha sido
construída ainda em 1711, pela congregação Carmelita, Landi modificou as
feições na segunda metade do século dezoito.

É interessante saber que naquele espaço em que hoje sobrevivem as ruínas, já estiveram funcionando uma casa de engenho, uma roda d'água, o barracão para negros, uma casa de moradia e todos os apetrechos para a produção de melado e da rapadura.
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