terça-feira, 30 de novembro de 2010

CONVITE - CELINA...




Ofício: POESIA.

No dia 11 de dezembro, às 18h, no Instituto de Artes do Pará (IAP), a poesia será o centro de um acontecimento voltado à sua celebração. O lançamento do livro “celina...”, do poeta e artista plástico Marcílio Costa.


“celina...” recebeu o prêmio da Academia Paraense de Letras (categoria: poesia). O livro chamou a atenção de grandes nomes da literatura brasileira, dentre eles: Paulo Henriques Britto(poeta e tradutor de Elisabeth Bishop e vencedor do Prêmio Portugal Telecom), Antônio Moura (poeta e tradutor de jean-Joseph Rabearivelo), João de Jesus Paes Loureiro (poeta que recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA) e Vicente Franz Cecim ( escritor e vencedor do Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA) e Amarlís Tupiassu (crítica literária, professora da UFPA e UNAMA).

Marcílio Costa é um dos mais expressivos nomes da atual poesia feita em nossa região. Seus poemas já foram publicados em várias antologias e revistas de poesia por todo o Brasil. Em 2009 o poeta foi comtemplado com a Bolsa FUNARTE de Criação literária, o mais importante e concorrido prêmio para a criação no território nacional, pelo projeto da obra poética “Todas as Ruas”. Recentemente ganhou o Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura – 2010(categoria: poesia) pelo livro “depois da sede” e Menção Honrosa na última edição do Prêmio Escriba de Poesia (Piracicaba - SP).

Como artista visual, Marcílio deixa sua marca como poeta nos trabalhos que realiza ou participa. É o caso do curta de animação “Muragens: crônicas de um muro” de 2008, em que Marcílio co-dirigiu e escreveu o roteiro final. Dirigido por Andrei Miralha, o filme foi o primeiro curta de animação paraense selecionado para a mostra competitiva do ANIMA MUNDI e já correu o mundo sendo, também, selecionado para festivais como o ANIMAZIVO no México e o MONSTRA em Portugal.

Atualmente vem desenvolvendo projetos de intervenções públicas com o artista plástico Ednaldo Britto e estão preparando para o próximo ano a exposição de gravura-instalação entitulada “TRAMPO”.

ÓPERA PROFANO - O Musical (maquiagem)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ÓPERA PROFANO VOLTA AO PALCO ENGAJADO A AÇÃO SOCIAL


Metade da bilheteria obtida no primeiro dia da nova temporada do musical será doada ao Comitê Arte pela Vida para tratamento de soropositivos

A idéia de unir provocativamente num mesmo altar travestis, garotos de programa e Nossa Senhora abriu portas para debates e encontrou reações das mais diversas no público. Tudo isso graças ao espetáculo musical “Ópera Profano”. Depois de uma bem sucedida primeira temporada em plena quadra nazarena, a obra criada pelo dramaturgo Carlos Correia Santos e dirigida por Guál Dídimo e Haroldo França volta ao cartaz a partir desta quinta-feira, 25, às 20h, no teatro Margarida Schivasappa, no Centur, e poderá ser vista até o domingo, dia 28. A produção retorna ao palco engajada a uma campanha social. Graças a uma parceria firmada com o Comitê Arte pela Vida, metade da renda obtida com a bilheteria do primeiro dia desta nova temporada será doada a ações de auxílio no tratamento de portadores do HIV. Além do comitê, o espetáculo conta com o apoio de Pink Android, João Ramid, Nelson Borges Make Up, Ponto Zero e Pará Diversidade.

As primeiras apresentações do musical, em outubro, despertaram tanta curiosidade que renderam, em poucas semanas, mais de quatro mil e quinhentas citações no Google e se tornaram um dos assuntos mais comentados por internautas paraenses no Twitter. A repercussão também inspirou o professor e crítico literário Helder Bentes a montar, com alunos da rede pública de ensino, uma versão da peça com cunho pedagógico, adaptada para menores e idealizada para ser apresentada em escolas e eventos estudantis.

CONJUNTURA

O retorno do espetáculo aos holofotes coincide com um período em que vários casos de intolerância contra homossexuais têm sido denunciados na mídia. Para o elenco da montagem, “Ópera Profano” pode servir de ferramenta capaz de manter o debate aceso e auxiliar o público a encarar seus preconceitos. “Acredito que a arte tem o papel fundamental de 'ajudar a ver'. O espetáculo trata com naturalidade de questões que ainda parecem estranhas aos olhos de grande parte da sociedade. Sinto-me feliz de participar de uma iniciativa artística que pode ajudar a mudar isso”, afirma a cantora e atriz Cacau Novais, que vive Nossa Senhora de Nazaré.

Na trama de Carlos Correia Santos, o travesti Tota furta a imagem da Santa antes do início da Trasladação e a leva para um tradicional cinema de filmes pornográficos que, ironicamente, fica bem em frente à Basílica Santuário. Tota quer realizar o sonho de sua colega travesti Baby, que luta, dentro do cinema, contra as complicações decorrentes do HIV e sonha em se aproximar de Nossa Senhora. Também fazem parte do drama o ríspido garoto de programa Lucas, o jovem de classe média Ângelo, o decadente travesti Mira e três misteriosas figuras.

Intérprete de Tota, o ator Dário Jaime acredita que o grande mérito da peça é dar uma perspectiva nova para os dilemas da religiosidade: “Acima de tudo, falamos do sagrado e de como nós nos relacionamos com ele. A maior problemática nesse sentido é que, ainda hoje, as pessoas não respeitam a individualidade, as particularidades de cada um. A sociedade ainda quer padronizar a fé. Tudo o que está fora dos parâmetros ditos aceitáveis é motivo de incomodo e é isso que, pessoalmente, me motiva como cidadão a estar nesse trabalho”.

“O enredo é libertador, provocativo, intenso, reconfortante. Fala de valores tradicionais que poucas vezes questionamos. Impossível não se chocar com a cena em que sombras violentam um personagem. E tem ainda as canções. Versos fortes, doces, sobre a vida e a morte”, explica o ator e cantor Tiago de Pinho, que encarna Ângelo, um estudante que freqüenta o Cine Ópera sem que sua conservadora família suspeite.

O ator Rafael Feitosa não esconde que ficou tenso ao aceitar o convite para participar do musical. “Quando li a obra, tive medo do meu personagem. Faço um garoto de programa chamado Lucas que foi machucado e perdeu toda a fé. Sou de família muito religiosa e a dramaturgia mexeu comigo. Para que se tenha uma idéia, não acho difíceis as cenas de nudez e beijo gay. As cenas mais árduas para mim são aquelas nas quais o Lucas blasfema”.

Responsável por dar corpo ao travesti Mira, o cantor e ator Fábio Tavares defende uma visão humanista: “Minha personagem mostra, acima de tudo, que os travestis são seres humanos. São pessoas que amam, têm suas crenças. Penso que conseguimos fazer a platéia ver que a questão da homossexualidade é simplesmente um segundo plano. Não é determinante para o caráter de ninguém. O foco principal é a fé. Que pode estar em toda e qualquer pessoa”.

Léo Meneses, que faz o personagem Baby, já intuía os frutos que a montagem poderia colher: “Consigo perceber claramente a diferença entre o Léo de antes e de depois desse trabalho. Mas isso não me espanta. Desde a primeira leitura do texto, nós do elenco já tínhamos um indicativo do que o público sentiria. É muito bom estar num projeto que pode auxiliar a humanizar e desembrutecer. Vida longa ao Ópera Profano!”.

Serviço: Ópera Profano – O Musical. De 25 a 28 de novembro, às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, no Centur. Ingressos: R$ 20,00 com meia para estudantes. Apoio: Comitê Arte pela Vida, Pink Android, João Ramid, Nelson Borges Make Up, Ponto Zero e Pará Diversidade. Mais informações em www.operaprofano.com.br

HELDER BENTES E O BRADO PELOS AUTORES VIVOS


Cena da montagem escolar de Ópera Profano, dirigida por Helder Bentes


Reproduzo aqui artigo do professor e crítico literário Helder Bentes publicado em sua coluna no Portal ORM

Os autores devem ser reconhecidos em vida

Dentre os muitos comentários maldosos que ouvi por ocasião da estreia de minha versão de ÓPERA PROFANO para adolescentes, houve um que merece resposta. Ei-la:

Além de venerar a obra do escritor Carlos Correia Santos, sou seu amigo. Amizade esta que nasceu da paixão comum que temos pela literatura. Não tenho culpa se há autores paraenses que não divulgam seu trabalho. Desde que assino esta coluna no Portal ORM, recebo trabalhos de escritores (e pretensos escritores também!) do mundo inteiro. Mas, por incrível que pareça, daqui do norte do Brasil, Carlos Correia Santos é o único que me mantém informado a respeito de sua produção.

Penso que os escritores paraenses são muito espertos para escrever, mas muito acomodados para divulgar suas produções. Depois ficam curtindo ciuminhos sem sentido. Parecem alguns professores da academia que produzem conhecimento e ficam em suas cátedras, esperando que a imprensa vá até lá. Como, se eles não mostram nem seus trabalhos, nem suas caras?
Cada vez mais a imprensa está se popularizando por causa da falta de iniciação artística e intelectual do povão, e a elite letrada do Estado fica se deleitando em devaneios de titulação acadêmica e ciuminhos que nada têm a ver com os efeitos purgativos da arte.

Penso que artista de verdade se envaidece com sabedoria. Uma vaidade saudável de quem tem consciência do bem que faz à humanidade com sua arte e sabe administrar esta vaidade até a zona que a separa do ridículo, pois vaidade é não ter falsa modéstia. Ser humilde é o oposto de humilhar, e o orgulho saudável é o de se saber útil. Afinal, ninguém foi criado para a inutilidade.

Seria por isso que a gente sofre de um câncer cultural que só reconhece a utilidade de quem já morreu? Outro dia fui convidado por uma emissora de TV a dar uma entrevista sobre a vida e a obra do poeta Haroldo Maranhão. Ao me preparar para esta entrevista, revirando meus arquivos sobre o poeta, lembrei-me de que a primeira obra que li de Haroldo Maranhão foi a novela Miguel Miguel, quando esta foi leitura obrigatória de vestibular.

Haroldo Maranhão morreu em 2004, mas começou a publicar em 1968, e posso apostar minha modesta biblioteca, sem medo de perdê-la, que o povo paraense ouviu falar mais de Haroldo Maranhão depois que ele morreu. Nada contra as homenagens póstumas, pois todo escritor imortaliza-se pelo legado literário produzido em vida, mas por que nossos autores parecem ter uma autoestima tão baixa a ponto de não ousarem divulgar seus trabalhos? Parece haver uma dinâmica contrária à leitura como pano de fundo desse elogio póstumo.

Em 1968 não havia recursos digitais que facilitassem o acesso à informação, e as condições políticas do Brasil também não facilitavam este acesso, mas a arte era a válvula de escape contra a censura.

Certa noite, ouvindo Chico Buarque sob o efeito de um bom vinho, pensei que a ditadura foi um bom mote para o desenvolvimento da veia artística. Até viajei! Já pensou se a elite intelectual e artística deste país fizesse uma ditadura contra a indústria cultural que censura a arte verdadeira? Muita gente que se pretende artista seria artista de fato e de direito.

Em 1968, algumas pessoas liam. A maioria não. Será que o processo educacional acompanhou a tecnologia? Se o acesso à informação é mais fácil hoje, por que a maioria continua não lendo? De quem é a culpa?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

TEATRO LUTA CONTRA PRECONCEITOS EM ESCOLA PÚBLICA



Como parte de projeto pedagógico, alunos montam espetáculo teatral que aborda temáticas delicadas

Uma peça de teatro cujo enredo expõe os preconceitos e vulnerabilidades a que estão sujeitos travestis e garotos de programa, a hipocrisia de quem os discrimina, mas explora a baixa autoestima dessas pessoas e as condições criadas para que não lhes reste outra escolha além da prostituição. Tudo isso como culminância de pesquisas sobre dramaturgia, trabalhando o respeito às diferenças, em uma escola pública de ensino fundamental.

No próximo dia 17 de novembro, a Escola Nedaulino Vianna da Silveira, localizada em Ananindeua, realizará sua Feira da Leitura 2010, com o tema Contação de histórias: lendo o mundo através de histórias reais ou fictícias. Todas as turmas da escola são coordenadas por dois professores que decidiram democraticamente um sub-tema, a partir deste tema gerador, e fizeram pesquisas cujos resultados serão mostrados à comunidade na Feira da Leitura. Trata-se de um evento de difusão do conhecimento produzido na escola pelos próprios alunos.

Para este ano, os professores Helder Bentes, de Língua Portuguesa, e Enilce Chagas, de Matemática, coordenando uma turma de adolescentes da 8ª série, propuseram o sub-tema Ópera Profano – a dramaturgia como leitura de fatos sociais ignorados pela ideologia dominante. Os alunos estudaram a origem e evolução do teatro, a cosmovisão teatral e as peculiaridades de uma composição dramática, tendo como recurso a obra do premiado dramaturgo Carlos Correia Santos.

A peça Ópera Profano é um musical e sua primeira montagem profissional estreou em Belém em outubro deste ano, sob a direção de Guál Dídimo e Haroldo França. O cenário da trama de Correia é o Cine Ópera, um cinema que exibe filmes de sexo explícito e que é ponto de prostituição frequentado por travestis, garotos de programa e homossexuais de classe média. O mote da peça é o sonho de uma travesti contaminada pelo HIV, que agoniza na véspera do Círio de Nazaré, na hora da trasladação, e não quer morrer sem antes ver a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Uma outra travesti rouba a imagem da Capela do Colégio Gentil Bittencourt e a leva para dentro do Cine Ópera, onde a santa tenta entender o porquê das causas da vida pregressa de cada uma das personagens e descobre que os traumas e complexos sofridos ao longo de suas vidas foram os grandes responsáveis pelos condicionamentos que os levaram à prostituição.

A primeira versão da montagem – que estará novamente em cartaz, de 25 a 28 de novembro, no teatro Margarida Schivasappa, sempre às 20h00 – é imprópria para menores. Mas, na versão montada pelos alunos da Nedaulino Vianna, com a devida autorização do autor, foram cortadas as cenas impactantes, em obediência às determinações do ECA.

“O texto é literário e tem um forte potencial didático” – explica o professor Helder Bentes, que também é colunista de literatura do portal ORM e autor do prefácio da primeira publicação em livro de Ópera Profano, quando o texto foi contemplado com o prêmio literário Cidade de Manaus, em 2007, pela editora Muiraquitã. “Procuramos nos concentrar nas questões relativas à dramaturgia, não como um fenômeno literário separado de outros gêneros e muito menos ultrapassado. Também por isso quisemos explorar o potencial de transversalidade temática desta obra do paraense Carlos Correia Santos, já que a LDB amplia em vários acontecimentos da vida social os processos formativos e prevê uma educação inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana”, explica o professor.

Helder Bentes afirma que não se pode falar em desenvolvimento pleno do educando e seu preparo para o exercício da cidadania, se a escola não discutir também as questões propostas no texto de Ópera Profano. “Bullying, violência, abuso e desorientação sexual, uso de drogas, alcoolismo, homofobia, síndromes, transtornos e conflitos, que geralmente têm origem na família, fazem parte do cotidiano de nossos alunos e, de alguma maneira, se refletem negativamente no rendimento escolar e na qualidade de nosso trabalho”, afirma.

Segundo ele, a escola precisa sair dessa inércia e substituir os recursos ingênuos e ideologizados por outros que possam competir com os atuais recursos de comunicação digital que exercem influência desordenada e maléfica sobre os alunos. “E o pior é que, numa época em que alunos adolescentes fazem vídeos pornôs nos banheiros e até nas salas de aula de escolas públicas, ainda temos pais e professores que, sem sequer conhecerem o enredo da peça, acham a temática de Ópera Profano muito ‘pesada’ para adolescentes, só porque ouviram falar que há personagens travestis na trama”, desabafa o professor, que precisou negociar a participação de alunos em atividades de outras turmas, para atender a tutores que se negaram a autorizar seus filhos a participarem de uma peça sobre gays, a despeito de todo o trabalho de conscientização, baseado no ECA e na LDB, que foi feito junto à comunidade escolar, para justificar a pertinência da atividade. Trabalho este que, segundo o professor, seria desnecessário, se a escola e a familia educassem para a cidadania e o respeito às diferenças.

A iniciativa dos alunos da Nedaulino Vianna mobilizou o elenco da primeira montagem de Ópera Profano, que se solidarizou com a causa e foi pessoalmente à escola conhecê-los e lhes ministrar gratuitamente oficinas de formação de atores. Também o autor da peça os recebeu em sua casa, e os professores Helder Bentes e Edivaldo Andrade os levaram ao teatro, para assistirem a Bento Bruno, outra peça de Carlos Correia Santos, montada pelo grupo cênico da Fundação Curro Velho. A Escola Isabel Amazonas, também de Ananindeua, apoiou a iniciativa emprestando equipamentos de iluminação e instrumentos musicais, além de estudantes das oficinas de percussão do Projeto Mais Educação, para ajudarem na composição da sonoplastia, e a turma da 8ª série do Nedau, como é popularmente conhecida a Escola Nedaulino Vianna na Cidade Nova, foi dividida em equipes de figurino, cenário, iluminação, sonoplastia e infraestrutura, para garantir a montagem do espetáculo, que já tem outras apresentações agendadas para depois da estréia, às 16h30 da próxima quarta (17), no teatro da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, na Cidade Nova IV.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

PALCO DO CCBEU VIRA SOLO DE MARAJÓ

O espetáculo teatral “Solo de Marajó” estreia no teatro do CCBEU nesta sexta-feira, dia 12, para uma nova temporada de três finais de semana, que prossegue até o dia 28, sempre de sexta a domingo, às 21 horas. Em cena, o ator Cláudio Barros narra sozinho, e com um mínimo de recursos cênicos, cinco pequenas histórias extraídas do romance “Marajó”, o segundo da saga amazônica escrita pelo paraense Dalcídio Jurandir.

O espetáculo estreou no ano passado durante a Feira Panamazônica do Livro e depois fez temporada no Cine Teatro Líbero Luxardo, do Centur. A montagem tem direção de Alberto Silva Neto, dramaturgia de Carlos Correia Santos, assistência de direção de Papi Nunes, cenografia de Nando Lima, iluminação de Tarik Coelho e produção executiva de Sandra Condurú.

No início do processo, Cláudio, Alberto e Carlos resolveram escolher fragmentos do romance que possuíssem estrutura narrativa e personagens interessantes. De nove trechos selecionados inicialmente, cinco compuseram a dramaturgia final do espetáculo. São histórias que transitam do lirismo à crueldade, revelando um retrato multifacetado das relações humanas de quem vive mergulhado nos confins da Amazônia.


“Solo de Marajó” é um espetáculo simples, no qual a cenografia, a iluminação e o figurino são neutros e buscam ressaltar a presença do ator, o elemento mais importante desta encenação. Para criar este solo e narrar as histórias ficcionais de Dalcídio, Cláudio Barros partiu de um repertório de ações físicas que resultaram do ato de contar histórias pessoais e também gerou ações e sonoridades induzidas por descrições de lugares, sons e cheiros contidas na obra.
DALCÍDIO JURANDIR – Criador do Ciclo do Extremo Norte, conjunto de romances que retratam a realidade social do homem da Amazônia, Dalcídio Jurandir nasceu na Vila de Ponta de Pedras, Ilha do Marajó (PA), em 10 de janeiro de 1909, filho de Alfredo Pereira e Margarida Ramos. Em 1927, viajou para o Rio de Janeiro, a bordo do navio Duque de Caxias. Na capital carioca, enfrentou várias dificuldades. Foi lavador de pratos no Café e Restaurante São Silvestre. Conseguiu, após um breve tempo, o lugar de revisor, sem remuneração, na revista "Fon-Fon". Voltou a Belém no mesmo navio, tendo aproveitado a viagem para ler livros de clássicos portugueses e de poetas nacionais.


Em 1940, foi agraciado com o Prêmio Dom Casmurro de Literatura, concedido pelo jornal de mesmo nome e pela Editora Vecchi, com o romance "Chove nos Campos de Cachoeira". Faziam parte do júri, entre outros, Oswald de Andrade, Jorge Amado, Rachel de Queiroz e Álvaro Moreira. Em 1945 e 1946, fez parte da redação do jornal “Tribuna Popular” e colaborou nos periódicos “O Jornal”, “A classe operária” e na revista “O Cruzeiro”. No ano seguinte, o livro “Marajó” foi editado pela Livraria José Olympio Editora. Em 1972, a Academia Brasileira de Letras concedeu ao autor o Prêmio Machado de Assis de Literatura, pelo conjunto de sua obra, que lhe foi entregue por Jorge Amado. No dia 16 de junho de 1979, o escritor faleceu na cidade do Rio de Janeiro.