Abaixo, texto de apresentação escrito por mim para VELAS NA TAPERA, meu romance a ser lançado em Lisboa, dia 06 de junho, no FNAC Chiado. Neste post também, fotos diversas desse lugar simplesmente surreal chamado Fordlandia: uma vila americana que virou cidade fantasma em meio à floresta amazônica.
NOTA AO LEITOR
Carlos Correia Santos
São muitas as sagas que essa sem fim vastidão de verde chamada Amazônia já acalentou entre suas folhas. Epopéias em torno de estradas de ferro, rasgar de rodovias megalômanas, corrosivas corridas em busca de ouro. Sagas que não cessam de manter iluminada a imaginação de pesquisadores e ficcionistas. No entanto, poucas velas têm sido acesas em torno de um dos mais impressionantes episódios vividos por essa imensidão ecossistêmica: o gigantesco intento chamado Companhia Ford Industrial do Brasil. Entre 1928 e 1946, a poderosa Henry Ford Motores e Cia ergueu e manteve em meio à mata brasileira os núcleos urbanos conhecidos como Fordlândia e Belterra. Situadas na margem direita do Tapajós, as cidades foram projetadas para acolher amplos seringais destinados a produzir a borracha tão cobiçada pela linha de montagem da célebre empresa automobilística. Todavia, impiedosamente vitimadas pelo Mycrocyclus ulei, as plantações ruíram e fizeram secar o sonho americano no colo da floresta. Uma vez extinto o projeto, todas as promessas de prosperidade para a região apagaram-se friamente.
É pela decadência do ousado cenário imaginado e relegado por Henry Ford I que transitam os personagens de “Velas na Tapera”. É por entre o silêncio do abandono que vagam todos os seres que cercam, sem luz, uma tal mulher chamada Rita Flor. A mãe viúva-órfã que arrasta, junto à barra de seu atemporal vestido preto, um luto que não é só seu. Um luto que está em tudo a sua volta. A mãe viúva-órfã que se vê incendiada por um milagre e cruza o inimaginável para manter intacta a chama de sua convicção.
Um comentário:
Oi, Santos. Tem alguma maneira de conseguir o seu romance, aqui no Brasil? Li o livro do Greg Grandin e pirei na história! Procurei na internet e achei o post no seu blog - fiquei interessada em conhecer sua abordagem do tema.
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