segunda-feira, 16 de abril de 2012

O MODO VERGONHOSO COMO TRATAMOS NOSSO PASSADO






A Companhia Teatral Nós Outros estreia em maio de 2012 o espetáculo BATISTA, de Carlos Correia Santos, montagem que celebra os 230 anos de um dos mais importantes líderes revolucionários do Brasil: o Cônego Batista Campos, crucial mentor da Cabanagem, um dos mais significativos episódios politico-culturais da América Latina. A produção do espetáculo decidiu fazer as fotos oficiais de divulgação da peça nas Ruínas do Murutucu, relevante sítio histórico tombado pela União. O local, além de ter as marcas arquitetônicas do famoso italiano Landi, foi um dos principais acampamentos dos cabanos. De lá, os revoltosos marcharam em 1835 para tomar o poder da capital do Grão Pará, numa ação sem precedentes para a História do Brasil: o povo tomando o poder e decidindo seus rumos.

Ao realizarmos a pré-produção do ensaio fotográfico, constatamos o estado lastimável, vergonhoso e imperdoável em que se encontra esse incomparável patrimônio. Com todas as dificuldades possíveis, realizamos o ensaio fotográfico para divulgar a peça, mas também cuidamos de registrar a atmosfera de precariedade que toma conta do espaço. Decidimos, assim, atrelar as temporadas de BATISTA a um projeto que batizamos de “Ruínas da Memória”. Em todas as sessões da montagem, buscaremos coletar assinaturas para formalizarmos uma petição pública destinada a exigir providencias do poder público para que as Ruínas do Murutucu sejam revitalizadas, preservadas e mais amplamente divulgadas. Aqui, algumas das fotos que fizemos. Imagens que comprovam o modo indigno com que nosso passado é tratado. Abaixo, mais informações sobre o Murutucu:

BREVES INFORMAÇÕES

Um dos mais importantes engenhos da região, o Murutucu foi destruído durante os episódios da Cabanagem. De propriedade da família Rodrigues Martins, o engenho ficou conhecido pela crueldade com que eram tratados os escravos. A capela foi projetada por Antonio Landi, que nela imprimiu seu estilo. Ali foi realizado o casamento da filha do arquiteto, nora do dono da propriedade. Embora tenha sido construída ainda em 1711, pela congregação Carmelita, Landi modificou as feições na segunda metade do século dezoito.

É interessante saber que naquele espaço em que hoje sobrevivem as ruínas, já estiveram funcionando uma casa de engenho, uma roda d'água, o barracão para negros, uma casa de moradia e todos os apetrechos para a produção de melado e da rapadura.

Serviço: BATISTA. Uma obra de Carlos Correia Santos. Com Hudson Andrade. Participação especial: Cacau Novais. Consultoria de direção: Adriana Cruz. Concepção de luz: Sonia Lopes. Trilha sonora original: Junior Cabrali. Fotos de divulgação: Brends Nunes, Frederico Mendonça e Iara Correia Santos. Uma realização da Companhia Teatral Nós Outros. Sesc Boulevard, dias 10, 11, 17, 18, 24 e 25 de maio, sempre às 20h30. Entrada franca. Apoio cultural: Sesc Boulevard, Unipop, Revista Pará Mais e Gráfica Dmazon.

Um comentário:

Lígia Saavedra disse...

Compartilho de sua indignação, querido Poeta, espalhando ao vento...

Bj