sábado, 17 de março de 2012

ACORDE MARGARIDA - A DIFÍCIL MISSÃO DE DAR VIDA A UM MUSICAL NORTISTA


Inspirado na memória da musicista Margarida Schivasappa, o espetáculo “Acorde Margarida” aposta em um desafiador gênero teatral.
A tarefa é árdua: unir em cena canto, dança e ainda as falas e ações de um texto dramatúrgico. O desafio fica ainda maior quando o pano de fundo para tudo isso é o compromisso com o resgate histórico. No palco do teatro Cláudio Barradas, em Belém, desde a quinta-feira, o espetáculo “Acorde Margarida” assumiu todos os esses riscos. A aposta num musical plenamente nortista (texto, equipe e enredo focados na cultura local) é um compromisso com a superação de vários obstáculos. Já na estreia o caloroso aplauso da plateia comprovou que o empenho parece valer a pena. Escrito por Carlos Correia Santos, com direção geral de Hudson Andrade e direção musical de Reginaldo Viana, a peça traz para os holofotes a memória de Margarida Schivasappa, célebre professora de canto e artes cênicas que revolucionou a cultura amazônica. A produção segue em cartaz até o domingo, dia 18, sempre às 20h.

“Nosso primeiro grande desafio foi chegar a um elenco que pudesse dar vida às exigências de um musical. A grande questão é que não temos uma formação de atores na região voltada para essa completude: cantar, atuar e dançar”, explica Hudson. Até mesmo a produção de textos desse gênero, em Belém, é ainda escassa. “Sou um dos poucos autores locais que se dedica a esse segmento de forma mais detida. A escrita de um musical requer caminhos e técnicas bastante próprias e, claro, difíceis”, conta Carlos Correia, que estudou violino por vários anos. O dramaturgo já teve outros musicais seus montados com bastante sucesso, como o polêmico Ópera Profano, dirigido por Gual Didimo e Haroldo França, e Theodoro, encenado pelo Grupo Palha, com direção de Paulo Santana.

Para que as dificuldades fossem ultrapassadas, o elenco de “Acorde Margarida” entregou-se, ao longo de três meses, a extensos ensaios, que incluíram preparação vocal e corporal. “Nós nos dedicamos a uma estratégia especial para realizar essa montagem. Foi preciso pesquisar o corpo desses atores, o que eles tinham a ofertar. E a partir do material por eles indicado, as partituras dos movimentos foram sendo criadas”, revela Waldete Brito, a coreografa da produção.

Nas apresentações, a trilha, composta por canções autorais, é executada ao vivo pelos músicos Zé Neto e Leoci Medeiros. Para Reginaldo Viana, a experiência com esse trabalho ressalta a importância da mescla de linguagens para enriquecer a carreira dos artistas locais. “Penso que isso nos mostra os novos rumos nos quais precisamos apostar aqui na região Norte”.

RECEPTIVIDADE

O que foi mostrado no palco na estreia parece, de fato, ter agradado o público. “Estou encantado. Acho que é um trabalho que merece ser levado para outros espaços, circular por outras cidades. A equipe está de parabéns”, exalta o universitário Pedro Maurício Campos.

Livremente inspirado no acervo do pesquisador Antonio Pantoja, “Acorde Margarida” tem no elenco Maíra Monteiro, Fernanda Barreto, Juliana Porto e Tiago de Pinho. A assistência de direção é de Luciana Porto. A assistência de direção musical de Zé Neto. Coreografias de Waldete Brito. Cenário e figurinos de Neder Charone. Luz de Sônia Lopes e fotos de divulgação de Brends Nunes e Frederico Mendonça. A peça é uma realização da Companhia Teatral Nós Outros com incentivo da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. Apoio cultural Grupo RBA, Band, Funtelpa, EKO Estratégias em Comunicação, Espaço Experimental de Dança, Giostri Editora, Gráfica D´Avila, INCRA, Produtora Nova, Escritório de Advocacia Vidinha Sarmento & Lisboa, alunos de Jornalismo da Faculdade Ipiranga e A Casa da Atriz. Quem assina a assessoria de comunicação e a criação de conteúdo do projeto é a Parla Página.

Serviço: O espetáculo “Acorde Margarida” segue em cartaz até o dia 18, domingo, no Teatro Cláudio Barradas, sempre às 20h. Ingressos: R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 a meia.


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