sábado, 23 de agosto de 2008

NOVO LIVRO... NOVAS PÁGINAS PARA A EMOÇÃO...


"Poeticário" revela o Ludicismo de Carlos Correia Santos, que afirma abrir suas páginas para o jogo com os sons e significados das palavras.

Palavras que se quebram e se reconstroem. Pedaços de fonemas que namoram com restos de sílabas somente para tentar reescrever o poético. Essa é a especial gramática de "Poeticário", novo livro de poemas do escritor paraense Carlos Correia Santos. Editado pela RKE, com projeto gráfico da artista plástica Roberta Carvalho, prefácio de João de Jesus Paes Loureiro, contracapa assinada por Salomão Larêdo e orelhas de Alfredo Garcia, a publicação será lançada numa especial sessão de autógrafos no próximo dia 26, a partir das 18h, no Espaço Edyr Proença, no quarto andar da Fundação Cultural Tancredo Neves (Centur). Produzido pela também poeta Adina Bezerra, com assistência de produção do ator e professor Márcio Mourão, o evento contará com a participação especial de Nilson Chaves (parceiro do poeta em várias canções) e dos escritores do Movimento Literário Extremo Norte.

Já no título, a obra é um convite para que o leitor mergulhe no instigante quebra-cabeça lírico que o autor propõe. "Exercito nesse livro o que eu batizo de Ludicismo, o direito poético de brincar com a escrita. Assumo o risco e o prazer de jogar com os léxicos sem o menor pudor", afirma Correia, que levou três anos para lançar o trabalho. "O livro está editado, prontinho, desde 2005. Como o teatro tem me seqüestrado nesses últimos tempos, decidi esperar o momento certo para apresentar essa nova produção. Senti finalmente que o momento tinha chegado".

Conquistas – Correia afirma que a sessão de autógrafos será, acima de tudo, um momento de celebração. "Quero comemorar uma fase extremamente feliz da minha carreira. Além dos prêmios e das edições, fico honrado em ver o que tenho colhido a partir da escrita. Hoje tenho como amigos e cúmplices de sonhos artistas para os quais eu era um fã na multidão. Para mim é um presente poder contar com a parceria e o bem-querer de nomes como Nilson Chaves, Lucinnha Bastos, Paulo Santana, Cláudio Barradas, Cláudio Barros. Enfim, sinto-me privilegiado".

Carreira – Este é o sexto livro individual de Correia. São também de sua autoria as obras "O Baile dos Versos" (poemas, 1999), "Nu Nery" (teatro, 2003), "Livreto das Preces Poéticas" (poemas, 2003), "Ópera Profano" (teatro, 2006) e "Batista" (teatro, 2008), obra ainda a ser lançada pelo Instituto de Artes do Pará. Além destas publicações solo, o paraense participa de mais de quinze antologias nacionais e internacionais. Seus textos fazem parte de coletâneas lançadas na Europa e no Timor Leste

Poeta, contista, cronista, dramaturgo e roteirista, Carlos tem feito da diversidade uma grande marca de sua carreira. É autor do premiado livro de poemas "O Baile dos Versos", obra que ganhou especial saudação da Academia Brasileira de Letras, em 1999. Também são de sua autoria as obras "Poeticário" (poemas), "No Último Desejo a Carne é Fria" (coletânea de contos), "Nu Nery" (teatro), Ópera Profano (teatro / Prêmio Cidade de Manaus) e "Batista" (teatro). Como escritor na área de artes cênicas, coleciona importantes láureas regionais e nacionais, como a tripla classificação no Edital Estadual de Fomento às Artes Cênicas 2008, da Secretaria de Cultura do Estado do Pará (Prêmio Cláudio Barradas) com os espetáculos "Adoro Theodoro", "Duelo do Poeta com Sua Alma de Belo" e "Uma Flor Para Linda Flora", o Prêmio IAP de Edições Culturais Categoria Dramaturgia (2008), o Prêmio IAP de Literatura Categoria Teatro (2004), o Prêmio Funarte de Dramaturgia por três anos consecutivos (2003, 2004 e 2005), o Prêmio Funarte Petrobras de Fomento ao Teatro (2005), o Prêmio Funarte Petrobras de Circulação Nacional (2006) e o Edital Seleção Brasil em Cena do Centro Cultural Banco do Brasil.

Incluídos no Catálogo da Dramaturgia Brasileira da renomada autora Maria Helena Kühner (iniciativa detentora do Prêmio Shell), seus textos teatrais já ganharam diversas montagens e já foram apresentados em Belém, São Luís, Natal, Recife, Camaçari, Piracicaba, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Suas peças já foram traduzidas para o francês e espanhol. Importantes artistas brasileiros, como Stella Miranda (que interpreta a síndica do humorístico "Toma La, Dá Cá", de Miguel Falabella, exibido na TV Globo), já assinaram direção de suas obras. No cinema, foi agraciado com o Prêmio do Edital Curta Criança do Ministério da Cultura. Também violinista e letrista, Correia é parceiro de importantes nomes da música nortista, como Nilson Chaves e Lucinha Bastos. MBA em Jornalismo e Gestor e Produtor de Eventos Culturais, formado pela Universidade da Amazônia, já coordenou diversos e bem sucedidos projetos de fomento à leitura na região Norte, como o "Café com Verso e Prosa" e o "Estrada de Letras". É presidente da ONG Companhia Amazônica do Livro. Assina a seção Contando Um Conto, no jornal paraense O Liberal (um dos maiores da região Norte) e Portal ORM. É colaborador, com seus contos, do jornal O Estado do Acre e dos sites BV News (Roraima), Amapá Digital (Amapá), Ver-O-Poema (Pará) e Timor Online (Timor Leste).


ALGUNS TESTEMUNHOS SOBRE SEU TRABALHO:

“Seu teatro prima pela criatividade e expressividade do texto. Sem nenhum exagero e muito menos bajulação, eu o considero um dos maiores talentos da nova dramaturgia brasileira” (José Louzeiro, célebre romancista brasileiro, autor de obras como “Lúcio Flávio: O Passageiro da Agonia”)


“Carlos Correia Santos é pombo correio da poesia. Por isso tem a palavra poeta tatuada na palma da mão”. (Mano Melo, ator e poeta, fez parte do projeto Ver o Verso, ao lado de Pedro Bial).

“Um criador profundo, com forte, rara e inegável vocação para a dramaturgia (...) merece todo o apoio que lhe possa ser dado pelas entidades e pessoas interessadas na arte e na cultura do Brasil”. (Joaquim Assis, roteirista dos filmes “O Toque do Oboé” com Paulo Betti, “For All – O Trampolim da Vitória”, com Betty Faria e José Wilker e “Villa-Lobos: Uma Vida de Paixão”, com Antônio Fagundes e Marcos Palmeira)

“Da complexidade do ser, da própria solidão e solidariedade do ser humano, da sua simplicidade e estranheza, são realizados os textos de Carlos Correia Santos, seja na poesia, nos contos ou no teatro. Sua dedicação à cultura e à Arte faz deste autor paraense, deste grande brasileiro, um candidato constante às premiações importantes nas áreas citadas: poesia, ficção, peças teatrais. Assisti com orgulho à premiação obtida por ele no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, em 2006. Carlos Correia Santos destacou-se entre dezenas e dezenas de concorrentes”. (Olga Savary, poeta, contista, tradutora e organizadora de antologias, uma das introdutoras do hai-kai no Brasil)

“Dentre nossos novos autores, há um que, surgido há bem dizer ontem, a meu ver já nasceu adulto, sobrelevando-se aos demais, quer pelo número de peças escritas, quer, sobretudo, por suas qualidades, por seu alto nível. (...) Seu nome: Carlos Correia Santos, um nome a se guardar com todo o carinho e com o maior respeito, a se aplaudir estrepitosamente”. (Cláudio Barradas, ator e diretor, um dos nomes mais basilares do Teatro nortista. Formou gerações de artistas atualmente fundamentais para a cena cultural amazônica)

LEIA A SEGUIR O QUE GRANDES AUTORES PARAENSES ESCREVERAM SOBRE A NOVA OBRA DE CORREIA:

NÃO HÁ CHAVE PARA O MISTÉRIO...

João de Jesus Paes Loureiro

(...) O livro Poeticário de Carlos Correia Santos é um livro de poesia. Poeticário, já no seu nome, estimula jogar-se ao gosto do poeta, com os algorítimos da palavra título. Poeticário. Poe. Ética. Rio. Poética. Poético. Icário! Logo em seguida, oferecendo como chave ao cofre simbólico de seu procedimento poético, numa epígrafe explicativa, diz sonhar o significado das palavras do dicionário. Quer dizer, não é na lógica da razão da língua que ele vai buscar o sentido das palavras da tribo dos seus poemas. É na imaginação. No sonho.

A poesia de Carlos Correia Santos, neste livro, usa as palavras ou a linguagem, como quem faz dobraduras de papel. Uma espécie de "origame" de palavras, dobrando as sílabas, vincando fonemas, fazendo brotar de palavras imprevistas palavras. Cada palavra como um cofre de palavras. Espelhos paralelos de significações e formas. Sabe contornar o risco daí decorrente, isto é, deixar que o prazer do jogo verbal se torne artifício. Mesmo que fossem artifícios de um artífice. O poeta sabe muito bem evitar esse risco. E também sabe que poesia se faz com palavras, é verdade, mas palavras carregadas de significação.

(...) Penso que a poesia é a encantaria da linguagem. O poeta é um pescador com o anzol do imaginário, sentado na várzea do devaneio. No rio da linguagem padrão ele mergulha a sua linha e vai buscar essas entidades submersas na língua, na cultura, na memória para torná-las a própria superfície sensível do rio-poesia-linguagem. No anzol pode vir uma imagem, um pedaço de palavra, um submarino sonho naufragado.

Em Poeticário há bons exemplos desses mergulhos na encantaria da linguagem. "Nada, nada que se compreenda" é um deles. Outro é "Blues". Aqui há desconcerto do mundo, da língua, do verso. O verbo concebido com pecado. Há uma espécie de neo-romantismo pós-moderno, o prazer da ironia, uma discreta picardia da instigação delicada.

Há, também, o gosto de jogar com a expressão, de surpreendê-la, de surpreender com ela. Não propriamente com trocadilhos. Talvez, pelo gosto do paradoxo (Desatina!, diz a rotina). Não é uma poesia que busque o vasto campo das significações da cultura ou da tradição técnica. Quer a brevidade, a transitoriedade das coisas, o instante eterno que passa (Tod'Efêmero). Flexiona o verbo de modo inusitado e provocador de novas flexões. Violenta a língua padrão para enveredá-la no bosque do desvio da norma, a fim de poetizá-la. Busca o contraste, as inversões – da norma, da língua ou da significação (Familiário). Domina o ritmo e joga com ilusórias dissonâncias, quando se pensa que vai cair no esperado. Muitas vezes sugere um poema hermético. Pura ilusão. O poema quando lido, relido, lido, se vai abrindo como as portas de um mistério (Ecos de egos).

Todo poeta é um vidente da infância. Não como quem faz o caminho do retorno. Mas, aquele que leva a infância, instalando-a onde demarca seu reino de utopias. Ou então, buscando-a sempre no futuro. Não a infância como estado. A infância como liberdade de ser a de se incorporar no mundo como linguagem livre. Como afetividade aurática. Essa afetividade em plenitude da infância que enlaça o poeta ao mundo e que faz o estranhamento cativante do leitor com relação a ele. O poeta: um ser alado e leve, como queria Platão. Quer dizer: um homem adulto pesado e terrenal com a infância o tornando leve e alado.

Carlos Correia Santos é poeta. Preserva a dignidade viva e dinâmica da língua. Celebra sua energia sem a ela submeter-se. Como um amante a ela se submete enquanto a submete. Sabe acariciá-la no enlace devoto, mas, também, sabe dobrá-la quando a paixão de criar requer. Semelhante ao domador de uma égua selvagem, domina a língua pela cauda, para, ao mesmo tempo, cavalgá-la. Como poeta, já demonstra sua originalidade e quer ocupar o seu lugar distinto. O merecido lugar dos criadores, na mente e no coração dos que o lêem.


NAS DOBRADURAS DO POEMA
Alfredo Garcia

A chave para o entendimento deste livro de Carlos Correia Santos, Poeticário é dada, acertadamente a meu ver, pelo poeta João de Jesus Paes Loureiro: "A poesia de Carlos Correia Santos (...) usa as palavras ou a linguagem, como quem faz dobraduras de papel". Nesta linguagem-origami, o poeta paraense desdobra o vocabulário, recria formas e dá voz a outras: (...) Na verdade, usando de forma lúdica estas re-invenções da linguagem, Carlos Correia Santos propõe re-leituras do que já é fato e linguagem consumada, numa poematização do texto que se fazia cânone. É o poeta se utilizando da sua ferramenta-base, a palavra, para estruturar poemas que assemelham-se a jogos verbais (aliás, o que é a Poesia senão essa performance do lidar com o Verbo, na intransitividade da Vida?) (...) No fundo um tema único em toda a obra: a expressão do Ser pela palavra, a redenção deste em busca do que não sabe.

O LAR DO POETA

Salomão Larêdo

O lar do poeta é o povo. Carlos Correia Santos, poeta, sabe onde buscar a poesia para fazer o poema e versa-vice e trabalha com ferramenta de boa têmpera. Surge então "Poeticário" para o leitor apreciar nas horas da tarde, nas manhãs ensolaradas ou plúmbeas e se encantar com a liberdade que o texto inspira e fazer a necessária viagem imaginária, no ócio de que o homem e a mulher dos tempos pós modernos tanto precisam para alegrar a vida e distribuir amor e paz na contemplação do mundo novo de felicidade que os aguarda em cada esquina dos versos e anversos do artista das palavras, inventor de novas paisagens e de renovado momento, sempre profético, como deve ser todo poeta confessadamente poeta, como é o Carlos, que, com competência sagra e consagra este livro e seus poemas com a unção da própria poesia e que ela faça todo o bem que o sacramento propicia e a humanidade clama.

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