segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O VÔO VÃO DA ETERNIDADE...


ANJO DA ETERNIDADE (olhando no rumo de um horizonte imaginário): É no sem fim que se guardam os sonhos, as idéias, a verdade e a loucura. É para além das nuvens do tempo que partem todas as fantasias da alma. É para além das vastidões do horizonte que se lança o olhar de quem almeja o desconhecido. É para o que há depois de todas as vagas que se dirigem as asas da ânsia por evolução...

(Repetindo a mesma manobra da CENA 01, os outros quatro anjos saem com a cama pelo lado direito do palco e rapidamente voltam à cena com a cama pelo lado esquerdo do cenário. Quem está dormindo no leito agora, trajando roupas de quarto, é o Pequeno Júlio. Deixando a cama na mesma marca em que estava antes, os quatro anjos se afastam do leito e sentam-se próximo à borda do canto direito do palco. Prosseguindo seu monólogo, o Anjo da Eternidade caminha até a cama e com extremo cuidado toma no colo o Pequeno Júlio, que permanece adormecido)

ANJO DA ETERNIDADE (sereno): Dorme no leito da eternidade, o lirismo de todo Ícaro. Repousa entre os lençóis do amanhã a beleza de quem nunca deixará de ser pássaro... Mas essa mesma beleza faz ficar amanhecida para sempre na terra a semente do inventar e do reinventar-se...

(Com o garoto no colo, o Anjo da Eternidade dirige-se para o fundo do palco e senta-se no trapézio de pano que lá se encontra. Enquanto continua sua fala, o trapézio começa a subir):

ANJO DA ETERNIDADE (um riso emocionado): E voa todo aquele que se dá às asas da ousadia. Voa todo aquele que se agarra às penas da coragem de ser humano... Porque o céu... Ah, o céu... O céu é a guarida dos encantados...

(Nessa deixa, os quatro anjos cantam a parte final da canção)

(Cena final do texto JÚLIO IRÁ VOAR, de Carlos Correia Santos. Obra vencedora do primeiro lugar no Prêmio Funarte de Dramaturgia 2004. Espetáculo montado pelo Grupo Palha, com direção e encenação de Paulo Santana)

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