TONY (a voz tomada pela emoção): Quando um poeta é esquecido... o mundo se torna menos mundo... Menos vale o ser, menos vale o entender, menos vale o respirar... Quando um poeta é esquecido, a sensibilidade esquece-se das horas. Atrasa-se em chegar nos sorrisos, apressa-se em chegar nas lágrimas... Tamanho é o intempo!... Quando um poeta é esquecido, a angústia se lembra de como acordam os sonhos só para fazê-los voltar a dormir... Meu Deus, quando um poeta é esquecido as palavras começam a querer se deitar... E assim vão desfalecendo... DELICADEZA, INTESIDADE, CRENÇA, DISCERNIMENTO, ÓDIO... AMOR... As palavras todas começam a fenecer... As pessoas começam a não saber mais o que dizer umas para as outras... Quando um poeta é esquecido, todos esquecem que em todos há um poeta.
(Texto e foto da segunda montagem de DUELO DO POETA COM SUA ALMA DE BELO, de Carlos Correia Santos. Direção: Dionelpho Júnior. Com Vaneza Oliveira e Luiz Carlos Girard. Produção: Márcio Mourão. Espetáculo destacado com Menção Honrosa no Concurso da Academia Paraense de Letras de 2005. Espetáculo vencedor do Edital Estadual de Fomento às Artes Cênicas 2008. Espetáculo selecionado no Edital de Pautas da Secult 2008. Obra incluída no Catálogo da Dramaturgia Brasileira, de Maria Hellena Khurner, iniciativa vencedora do Prêmio Shell 2007)
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