JORNAL O LIBERAL
CADERNO MAGAZINE
Edição de 22/10/2008
CADERNO MAGAZINE
Edição de 22/10/2008
Nova geração de humoristas
paraenses transforma o caos
em diversão e faz piada até
da sem graça falta de apoio
CARLOS CORREIA SANTOS
Da Editoria
Atenção porque o assunto é sério. Vamos falar de gargalhadas. Não, não. O texto não começou equivocado. Poucas coisas são mais sérias hoje em dia que a habilidade de fazer rir. Num país onde o riso ainda pode ser o melhor remédio – mas passa longe dos postos de saúde – e num mundo onde cada vez mais a ironia da crise financeira mata qualquer bom humor, a capacidade de transformar o caos em diversão é artigo de luxo mais valioso que qualquer coisa vinda de Miami. Em Belém, uma nova geração de humoristas resolveu se colocar sobre os holofotes deste desafio e está oferecendo para as platéias toda a seriedade de seu talento. O que eles têm a contar sobre suas lidas pode fazer chorar de rir ou provocar risos para não nos fazer chorar.
"Apesar do riso ser um ingrediente universal, é preciso muito molho de ervas regionais, banho de cheiro e sal grosso para fazer essa arte em Belém, pois é raro se conseguir apoios que valorizem o que é da terra", solta Armando Moraes, uma das revelações locais da comédia. Outro destaque no gênero, Rominho Braga complementa: "Claro que, além do jeitinho brasileiro, nós aqui da terrinha acrescentamos uma pitadinha de tucupi. É essencial para um humorista valorizar de onde veio e, assim, se diferenciar dos demais". Também recém surgido nesta cena, Murilo Couto acrescenta: "Acho que para ser humorista em Belém basta ter vontade porque tema para piada não falta".
Também buscando ocupar seu posto no atual pelotão de abatedores do tédio, Osmar Júlio dispara: “Uma piada, na verdade, só e engraçada se quem a ouve acompanhar o raciocínio de quem conta. Fazer comédia é uma estrada de ida e volta. Não existe a comédia se o público e o comediante não caminham juntos na direção de um pensamento”.
Mas, afinal, a reportagem quer saber: o que deixa um bom humorista com genuíno mau humor? Igor Monteiro transforma a pergunta em oportunidade para exercitar sua veia: "Responder esta pergunta já me deixa de mau humor. Bem... Por mais que eu seja humorista, tenho que pagar contas, levar o lixo para fora, sou casado, tenho uma sogra que me inferniza. Que droga de vida a minha! Vou transformar esse depoimento numa carta de suicídio", diverte-se. Outro novo talento paraense, Anne Fonseca também não perde a oportunidade de buscar o deboche: "Tudo me deixa de mau humor. Maninho, já ouviste falar em TPM? Pois é! E esse calor, gente? Desliga esse sol, por favor! Está derretendo o meu cérebro!".
A FRUTA
Opa, antes que se retire do palco dessa inusitada discussão, vamos pegar Anne pela manga e fazer uma pergunta inevitável. Não, Anne. Não se trata de manga, a fruta. Estamos falando de manga da blusa. Enfim, como pareces ser uma das raras frutas entre os benditos, a questão é: as mulheres humoristas enfrentam alguma dificuldade específica? “Acredito que não. Acho até um campo mais fácil. Digo no meu show que ser mulher já é uma piada. E é mesmo! Somos ótimas, mas ninguém passa mais ridículo que nós. Sempre posso ter material novo. Quando se é mulher, as coisas absurdas simplesmente acontecem!”. Murilo Couto não perde o timming e emenda: “Não sei porque, mas isso me fez lembrar de uma das melhores declarações dos últimos meses: sou sobrinha da Gretchen, funkeira e virgem. Vou fazer um filme pornô, mas continuarei virgem”.
Sim, o absurdo é mesmo a grande matéria-prima desses artistas que vão para o último andar do inusitado só para morar na cobertura do bom astral. E, por mais absurdo que possa parecer, essa matéria terminará sem nenhuma anedota. O desfecho será a fala filosófica de Osmar Júlio: “Ir a um show de humor significa pedir para deixar a vida pessoal de lado e entrar em uma nova realidade, nem que seja por duas, três horas apenas. O humor faz com que você se afaste de seus pensamentos e seja levado para lugares que sua rotina não lhe leva”. Estão vendo só? Rir é mesmo coisa muito séria.
Serviço: Os shows com os humoristas desta matéria podem ser vistos no Clube da Piada Café Teatro. Quinta, sexta e sábado, a partir das 22h. Couvert artístico: R$ 10,00. Informações: (91) 3242-5243.
Rio de Janeiro promove Festival de Humor com concursos nacionais
Entre o riso com açaí e farinha e o riso com açaí e granola, uma boa notícia: de hoje até o dia 23 de novembro, o humor vai tomar conta da capital carioca. A primeira edição do Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro (FIHRJ) lança luzes sobre o humor gráfico e o teatral contemporâneo, por meio de concursos de desenhos e esquetes, exposições, espetáculos e debates. O evento rende justíssimas homenagens a grandes nomes, como Angeli, Laerte e Luís Fernando Veríssimo. “O Festival Internacional de Humor vai mostrar como a vida, apesar de tudo, pode ser muito engraçada. E criativa”, comemora Eliana Caruso, uma das organizadoras do FIHRJ.
Um dos objetivos do evento é mostrar um pouco da arte e do senso de humor brasileiros. A organização quer que o brasileiro tome conhecimento daquilo que está sendo produzido aqui e em outros países no campo do humor. Um dos instrumentos de divulgação deste material será o catálogo do festival. Com 172 páginas, ele trará os vencedores do Prêmio Desenho de Imprensa e também obras dos homenageados da edição. “O Festival quer promover uma grande festa do traço, da palavra, da imagem, no qual o riso se expressa de várias maneiras”, explica Eliana.
CONCURSOS
O Premio Desenho de Imprensa é um concurso voltado aos profissionais que tenham publicado caricaturas, ilustrações e desenhos de humor em veículos de imprensa brasileiros. Diferentemente dos concursos habituais nos salões de humor brasileiros, que buscam divulgar os novos talentos, o Prêmio Desenho de Imprensa destina-se a profissionais atuando com destaque em jornais e revistas. Além das categorias tradicionais de Caricatura, Charge e Cartum, o prêmio apresenta uma nova categoria, que é a Ilustração. Com isto, o concurso abrange também os artistas gráficos que não lidam diretamente com a linguagem do humor e, portanto, não participam habitualmente dos salões.
Os esquetes também contarão com uma especial vitrine na programação. De acordo com os organizadores do projeto, esse gênero de espetáculo tem revelado uma nova geração de talentos. A ser realizado dentro do evento, o Festival de Esquetes terá o papel importante de garantir a renovação deste cenário e será uma das maiores atrações do Festival de Humor, que pretende também abrir espaços para apresentações dos talentos no gênero stand-up comedy. Todas as atividades do Festival serão divulgadas no site http://www.festivalinternacionaldehumor.com/ e no blog http://www.festivaldehumor.blogspot.com/
paraenses transforma o caos
em diversão e faz piada até
da sem graça falta de apoio
CARLOS CORREIA SANTOS
Da Editoria
Atenção porque o assunto é sério. Vamos falar de gargalhadas. Não, não. O texto não começou equivocado. Poucas coisas são mais sérias hoje em dia que a habilidade de fazer rir. Num país onde o riso ainda pode ser o melhor remédio – mas passa longe dos postos de saúde – e num mundo onde cada vez mais a ironia da crise financeira mata qualquer bom humor, a capacidade de transformar o caos em diversão é artigo de luxo mais valioso que qualquer coisa vinda de Miami. Em Belém, uma nova geração de humoristas resolveu se colocar sobre os holofotes deste desafio e está oferecendo para as platéias toda a seriedade de seu talento. O que eles têm a contar sobre suas lidas pode fazer chorar de rir ou provocar risos para não nos fazer chorar.
"Apesar do riso ser um ingrediente universal, é preciso muito molho de ervas regionais, banho de cheiro e sal grosso para fazer essa arte em Belém, pois é raro se conseguir apoios que valorizem o que é da terra", solta Armando Moraes, uma das revelações locais da comédia. Outro destaque no gênero, Rominho Braga complementa: "Claro que, além do jeitinho brasileiro, nós aqui da terrinha acrescentamos uma pitadinha de tucupi. É essencial para um humorista valorizar de onde veio e, assim, se diferenciar dos demais". Também recém surgido nesta cena, Murilo Couto acrescenta: "Acho que para ser humorista em Belém basta ter vontade porque tema para piada não falta".
Também buscando ocupar seu posto no atual pelotão de abatedores do tédio, Osmar Júlio dispara: “Uma piada, na verdade, só e engraçada se quem a ouve acompanhar o raciocínio de quem conta. Fazer comédia é uma estrada de ida e volta. Não existe a comédia se o público e o comediante não caminham juntos na direção de um pensamento”.
Mas, afinal, a reportagem quer saber: o que deixa um bom humorista com genuíno mau humor? Igor Monteiro transforma a pergunta em oportunidade para exercitar sua veia: "Responder esta pergunta já me deixa de mau humor. Bem... Por mais que eu seja humorista, tenho que pagar contas, levar o lixo para fora, sou casado, tenho uma sogra que me inferniza. Que droga de vida a minha! Vou transformar esse depoimento numa carta de suicídio", diverte-se. Outro novo talento paraense, Anne Fonseca também não perde a oportunidade de buscar o deboche: "Tudo me deixa de mau humor. Maninho, já ouviste falar em TPM? Pois é! E esse calor, gente? Desliga esse sol, por favor! Está derretendo o meu cérebro!".
A FRUTA
Opa, antes que se retire do palco dessa inusitada discussão, vamos pegar Anne pela manga e fazer uma pergunta inevitável. Não, Anne. Não se trata de manga, a fruta. Estamos falando de manga da blusa. Enfim, como pareces ser uma das raras frutas entre os benditos, a questão é: as mulheres humoristas enfrentam alguma dificuldade específica? “Acredito que não. Acho até um campo mais fácil. Digo no meu show que ser mulher já é uma piada. E é mesmo! Somos ótimas, mas ninguém passa mais ridículo que nós. Sempre posso ter material novo. Quando se é mulher, as coisas absurdas simplesmente acontecem!”. Murilo Couto não perde o timming e emenda: “Não sei porque, mas isso me fez lembrar de uma das melhores declarações dos últimos meses: sou sobrinha da Gretchen, funkeira e virgem. Vou fazer um filme pornô, mas continuarei virgem”.
Sim, o absurdo é mesmo a grande matéria-prima desses artistas que vão para o último andar do inusitado só para morar na cobertura do bom astral. E, por mais absurdo que possa parecer, essa matéria terminará sem nenhuma anedota. O desfecho será a fala filosófica de Osmar Júlio: “Ir a um show de humor significa pedir para deixar a vida pessoal de lado e entrar em uma nova realidade, nem que seja por duas, três horas apenas. O humor faz com que você se afaste de seus pensamentos e seja levado para lugares que sua rotina não lhe leva”. Estão vendo só? Rir é mesmo coisa muito séria.
Serviço: Os shows com os humoristas desta matéria podem ser vistos no Clube da Piada Café Teatro. Quinta, sexta e sábado, a partir das 22h. Couvert artístico: R$ 10,00. Informações: (91) 3242-5243.
Rio de Janeiro promove Festival de Humor com concursos nacionais
Entre o riso com açaí e farinha e o riso com açaí e granola, uma boa notícia: de hoje até o dia 23 de novembro, o humor vai tomar conta da capital carioca. A primeira edição do Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro (FIHRJ) lança luzes sobre o humor gráfico e o teatral contemporâneo, por meio de concursos de desenhos e esquetes, exposições, espetáculos e debates. O evento rende justíssimas homenagens a grandes nomes, como Angeli, Laerte e Luís Fernando Veríssimo. “O Festival Internacional de Humor vai mostrar como a vida, apesar de tudo, pode ser muito engraçada. E criativa”, comemora Eliana Caruso, uma das organizadoras do FIHRJ.
Um dos objetivos do evento é mostrar um pouco da arte e do senso de humor brasileiros. A organização quer que o brasileiro tome conhecimento daquilo que está sendo produzido aqui e em outros países no campo do humor. Um dos instrumentos de divulgação deste material será o catálogo do festival. Com 172 páginas, ele trará os vencedores do Prêmio Desenho de Imprensa e também obras dos homenageados da edição. “O Festival quer promover uma grande festa do traço, da palavra, da imagem, no qual o riso se expressa de várias maneiras”, explica Eliana.
CONCURSOS
O Premio Desenho de Imprensa é um concurso voltado aos profissionais que tenham publicado caricaturas, ilustrações e desenhos de humor em veículos de imprensa brasileiros. Diferentemente dos concursos habituais nos salões de humor brasileiros, que buscam divulgar os novos talentos, o Prêmio Desenho de Imprensa destina-se a profissionais atuando com destaque em jornais e revistas. Além das categorias tradicionais de Caricatura, Charge e Cartum, o prêmio apresenta uma nova categoria, que é a Ilustração. Com isto, o concurso abrange também os artistas gráficos que não lidam diretamente com a linguagem do humor e, portanto, não participam habitualmente dos salões.
Os esquetes também contarão com uma especial vitrine na programação. De acordo com os organizadores do projeto, esse gênero de espetáculo tem revelado uma nova geração de talentos. A ser realizado dentro do evento, o Festival de Esquetes terá o papel importante de garantir a renovação deste cenário e será uma das maiores atrações do Festival de Humor, que pretende também abrir espaços para apresentações dos talentos no gênero stand-up comedy. Todas as atividades do Festival serão divulgadas no site http://www.festivalinternacionaldehumor.com/ e no blog http://www.festivaldehumor.blogspot.com/
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