terça-feira, 16 de junho de 2009

TEXTO PUBLICADO NO BLOG VERBEAT - SOBRE QUATRO VERSUS CADÁVER



CENA DE "QUEM MATOU MINHA PERSONAGEM?"
De Carlos Correia Santos



CENA DE "O CASO DO MUIRAQUITÃ VERDE"
De Edyr Augusto Proença



CENA DE "O ESTRANHO"
De Rodrigo Barata



CENA DE "A QUERIDA IRMÃ"
De Saulo Sisnando

Abaixo comentário sobre o espetáculo Quatro Versus Cadáver publicado no blog http://www.verbeat.org/blogs/ishak/



Quando recebi o email de carol gama anunciando a estréia da peça quatro versus cadáver, confesso que fiquei ressabiado. fazia anos que não ia a uma peça autoral em/de belém (paixão barata e madalenas, vejam só, tinha sido a última) e, sejamos francos, um tanto culpa de cacá carvalho. bloqueou. não me perguntem por quê. o teatro era o porquê. sempre me pareceu que as atuações eram forçadas, os textos fracos. em suma: faltava-me tesão (novamente, paixão barata e, arranha o disco, cacá carvalho). enfim: a proposta dessa peça acabou me chamando a atenção:

"No início do ano, o escritor e diretor teatral Saulo Sisnando desafiou aqueles que ele considerava os mais expressivos autores teatrais paraenses da atualidade: Edyr Augusto Proença, Carlos Correia Santos e Rodrigo Barata, a resolver, em pouco menos de 20 minutos, um crime quase insolúvel".

conhecia o edyr dos livros. o rodrigo, da vida. saulo e carlos, de nome e vista (saulo, balangandou por entre madalenas e, carlos, via carolina miranda e afazeres). ainda assim. precisava de um motivo maior pra me tirar da fossa aberta em frente à tevê. parti pro elenco e descobri gisele guedes, quem trabalhou comigo na gravação do clipe da madame saatan na vila da barca. ok, batata frita. bora tirar essa bunda seca da poltrona e pagar pra ver.

não posso escrever um tratado sobre a peça agora, tenho de levar filha e irmã mais nova pra ver o filme de hannah montana e elas fazem questão de me lembrar a cada linha que estamos atrasados. mas, por enquanto, digo o seguinte:

1 - dei o braço a torcer (em tempo pós-montana: o espaço cuíra, pra começo de conversa, é o que podemos chamar de foda, no melhor dos sentidos. "teatro de bolso", como disse uma amiga hoje no bar com propriedade intuitiva que só uma mulher que não faz a mínima idéia do que esteja falando pode ter, dos mais aconchegantes. segundo, fica na porra da riachuelo. como se o parlapatões fosse pra augusta - sendo bonzinho. na esquina do teatro, desde trombadões viciados em crack a prostitutas viciadas em crack. há sempre, claro, o inconveniente de poetas bêbados capazes de bater punheta com o pau dos outros e CANTAROLAR um poema de drummond em troca de um real pro bonde, mas disso dá de um monte também na roosevelt. indo ao ponto: um espaço daqueles merece uma peça que, pelo menos, se dê ao trabalho de tentar chegar à altura);

2 - os quatro textos cumpriram seu papel (aqui, uma visão bem particular minha. não sabia muito bem o que esperar e, no jogo de tabuleiro, acabei embaralhando as peças. posso dizer que me surpreendi em alguns tantos momentos durante os oitenta minutos. e esse era o papel). são engraçados - uns mais que outros, a bem da verdade, mas o conjunto é bem amarrado (no fim das contas, é uma empreitada de um sujeito de trinta e um anos, levada a cabo por novos veteranos. é a morte de cacá carvalho. uma nova geração que dá as caras à tapa e correlata até a retomada ainda tímida do cinema paraense. já quer dizer muita coisa);

3 - o dramaturgia paraense contemporânea não se resume a dira paes, graças a deus (observem que não estou me queixando do lado prático, pelo contrário. fosse assim, teria posto rosa maria murtinho na roda. ok, bestas. só pra noiar [não é, não]) - adelaide teixeira (mais pra frente), gisele guedes (garota multiuso, do tipo que nasceu pro teatro e suas vertentes), luíza braga (honra o sobrenome, mas, mais do que isso, não dá pra dizer, foi bem rápida sua apresentação, assim como) marcelo sousa (o marinheiro, de quem digo o mesmo, fora a parte do sobrenome), rony hofstatter e flávio ramos (ainda quero ver uma peça só com os dois no palco) mandaram bem;

4 - que me desculpe minha amiga gisele (foi a primeira vez que a vi atuando pra valer), mas a surpresa da noite ficou mesmo por conta da adelaide. nem precisava dela entrando no palco com uma faixa na cabeça quando começou a tocar "i left my heart in san francisco" nos primeiros minutos do terceiro ato (a barata que pousou em seu ombro direito nos primeiros segundos do primeiro ato já era merda o bastante [não, ela cagou pra barata]. timing perfeito. presença de palco. entonação na medida. linda, a diaba. inda quis a barata). nem precisava ter encontrado a mesma adelaide, hoje cedo, numerando com tinta branca as árvores da avenida nazaré (minha vida parece ser movida por coincidências [e pessoas malucas. ainda não posso e nem saberia dizer se a numeração tem explicação lógica ou se é só proposta, mesmo. mas, putaquepariu. pra matar a questão "das coisas que só acontecem com caquisraque", dei TRÊS voltas no quarteirão pra confirmar que, sim, a garota de vestido lilás e chapéu caqui de tricô que vi a sessenta por hora de costas pintando uma árvore era a mesma que tinha subido ao palco na noite anterior e, putaquepariu]). nem precisava. no que depender de mim, ela já é minha sofia (ou liessa, a definir [e definições me deixam tranqüilo, tranqüilo). sem compromisso;

5 - hoje (ontem, que já é segunda), tem mais (fim-de-semana que vem e os outros de junho. espera). às oito da noite (aos domingos. sábado, às nove). e continua durante todo o mês de junho (já disse isso. ou repeti). faça um favor a seu humor: vá;

6 - ok, garotas, cinema.

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