sábado, 13 de junho de 2009

THEODORO GANHA PRÊMIO MYRIAN MUNIZ




Premiação é marco na atual boa fase da carreira do dramaturgo Carlos Correia Santos
Por Fábio Gomes - Assessoria de Imprensa Brasileirinho

Theodoro, de autoria de Carlos Correia Santos, foi uma das peças vencedoras do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008. O Grupo Palha, de Belém (PA), receberá R$ 20 mil para manutenção do espetáculo, o que possibilita tanto novas temporadas na capital paraense quanto turnês por outros estados. Ao todo, a Funarte recebeu a inscrição de 1.215 projetos de teatro de todo o país. Patrocinado pela Petrobras, o Prêmio Myriam Muniz desde 2006 serve de estímulo à produção teatral brasileira, além de homenagear a memória da atriz integrante do histórico grupo paulista Teatro de Arena, renovador da cena nacional na década de 1950; posteriormente, Myriam dedicou-se à formação de novos talentos, até falecer aos 73 anos, em 2004.

A peça é baseada na vida do artista plástico paraense Theodoro José da Silva Braga (1872-1954), criador da primeira pinacoteca da Amazônia e destaque no começo do século 20 por seu pioneirismo como chargista na Região Norte e pela preferência por temas nacionais na pintura, quando a norma entre os artistas brasileiros era buscar inspiração na Europa. Selecionada no Edital Estadual de Fomento às Artes Cênicas - Prêmio Cláudio Barradas 2008, Theodoro foi montada com financiamento da Secretaria de Cultura do Estado do Pará.

A partir da premiação, anunciada na segunda-feira, 20 de abril, o Grupo Palha passou a estudar uma nova temporada de Theodoro, o que deve ocorrer no segundo semestre, pois a peça esteve em cartaz no Espaço Cuíra, em Belém, de 20 de março a 12 de abril. O diretor Paulo Santana empregou na montagem referências da Belle Époque. A interpretação do elenco, formado pelos atores Luiz Girard, Abigail Alves, Nelson Borges, Arnaldo Ventura, Nelson Oliveira e Ângela do Céo, incorpora elementos do teatro de revista, e mesmo o trailer da peça (vídeo disponível no You Tube, em http://www.youtube.com/watch?v=WZ5klZHU3lM) tem por modelo o cinema mudo, com o acompanhamento musical de piano e letreiros explicativos intercalados entre fotos da montagem e imagens de quadros de autoria de Theodoro Braga, como "Padre Antônio Vieira" (1922) e "A fundação da cidade de Nossa Senhora de Belém do Pará" (1906). O clima de época convive sem choques com o uso de um recurso tecnológico contemporâno - a projeção no fundo do palco de imagens de obras de Theodoro e cenas da Belém antiga.

O autor - O jornalista e escritor Carlos Correia Santos, 33 anos, se propôs mergulhar no legado de personagens histórico-culturais relevantes para a Amazônia e para o Brasil, dentro da linha de trabalho que batizou como Dramaturgia Investigativa. Pertencem a ela seus textos inspirados no pintor Ismael Nery (Nu Nery, sua primeira parceria com o Grupo Palha, em 2006), no inventor Júlio Cezar Ribeiro de Souza (Júlio Irá Voar, também de 2006) e no poeta Antonio Tavernard (Duelo do Poeta com Sua Alma de Belo, estreada em 2008).

- São personagens que, graças a esse vício que temos de soterrar nossas fortunas artísticas, vinham sendo mais e mais esquecidos. Ver o público redescobrir, encantar-se e emocionar-se com esses artistas é, sem dúvida, o maior e melhor retorno que se pode ganhar. As peças têm feito a imprensa falar desses grandes vultos. Vários projetos pedagógicos nos Ensinos Médio e Superior têm surgido por conta dos espetáculos. No caso de Nu Nery, por exemplo, circulamos por diversas capitais brasileiras, como Brasília, São Luís, Recife e Natal, redespertando as pessoas para o legado de Ismael Nery. No final das contas, percebemos que o teatro tem mesmo um papel social e histórico - afirma Correia.

O prêmio recebido por Theodoro vem coroar a excelente fase teatral vivida por Carlos Correia Santos neste começo de ano. Em março, Correia estreou na direção encenando seu texto Duelo do Poeta com Sua Alma de Belo. Sobre a experiência, comenta:

- Percebi que, após alguns anos acompanhando montagens de outros diretores, estava na hora de eu mesmo experimentar dirigir. Propor jogos emocionais, propor maneiras de seduzir e comover a platéia é uma experiência única. Decidi que, de agora em diante, vou seguir no exercício de direção. Mas isso não significa que deixarei de firmar parcerias com outros diretores. Acho mágico ver outros olhares reintepretando minhas peças.

Na próxima peça da Dramaturgia Investigativa a voltar à cena, Júlio Irá Voar, o outro olhar reintepretando a peça de Correia é mais uma vez o de Paulo Santana, que alterou bastante a proposta cênica da nova montagem, encenada pelo Grupo Palha, em relação à temporada de 2006. Júlio Irá Voar permanece quatro semanas em cartaz no Espaço Cuíra, a partir de 8 de maio. Antes, será apresentada no dia 6 num evento para convidados no Teatro Waldemar Henrique, durante o lançamento da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a ser realizada em Belém em outubro. Já está confirmada também temporada desta peça no Teatro da Caixa (Brasília), no mês de agosto.

Ainda neste primeiro semestre, Carlos Correia Santos deve lançar dois livros. O primeiro é Batista, seu primeiro monólogo, vencedor do Prêmio IAP de Edições Culturais. O outro é sua estreia no romance: Velas na Tapera, que ganhou o Prêmio Dalcídio Jurandir na categoria nacional em concurso promovido pela Fundação Cultural Tancredo Neves. Inspirado na história da Fordlândia, uma unidade da empresa americana Companhia Henry Ford Motores e Cia. que foi instalada em plena selva amazônica no começo do século 20, Velas na Tapera tem prefácio do escritor José Louzeiro, autor de importantes romances como Pixote - A Infância dos Mortos e Lúcio Flávio: O Passageiro da Agonia (ambos adaptados para o cinema com grande sucesso).

Sobre a obra teatral de Correia, Louzeiro escreveu: “Seu teatro prima pela criatividade e expressividade do texto. Sem nenhum exagero e muito menos bajulação, eu o considero um dos maiores talentos da nova dramaturgia brasileira.”

Entre os próximos projetos teatrais de Correia, estão as montagens de três peças: Alma Imaginária, retratando a trajetória da escritora Adalgisa Nery, esposa de Ismael Nery, e que o autor define como uma "mulher fundamental para as conquistas políticas femininas no país"; Ópera Profano, texto publicado em livro em 2006 e vencedor do Prêmio Cidade de Manaus 2007; e nova temporada de Duelo do Poeta com Sua Alma de Belo.

Nenhum comentário: